São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Saída de dólares é a maior desde dezembro de 2006

Diferença entre remessas e entradas de capital ficou negativa em US$ 2,5 bi em julho

Entre os motivos, estão a alta das importações, a saída de investidores estrangeiros da Bolsa e o envio de lucros e dividendos de multinacionais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saída de dólares do Brasil se intensificou no mês passado e chegou a US$ 2,494 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. O número se refere à diferença entre as remessas e os ingressos de capital externo registrados no país ao longo de julho. Foi o pior resultado registrado pelo BC desde dezembro de 2006.
Em junho, o saldo já havia ficado negativo em US$ 877 milhões. Ainda assim, o fluxo acumulado nos primeiros sete meses do ano se manteve positivo em US$ 12,440 bilhões.
As principais explicações para esses números negativos estão na saída de investidores estrangeiros da Bolsa de Valores, no crescimento das importações e no aumento nas remessas de lucros e dividendos feitas por multinacionais instaladas no país. Somente as remessas de lucros somaram mais de US$ 20 bilhões entre janeiro e julho, segundo o BC.
Ainda assim, analistas do mercado financeiro dizem não acreditar que esse resultado se repita por muito tempo. Para Dagoberto Proença Marques, da corretora Socopa, ainda não se notam sinais de que o fluxo negativo das últimas semanas seja de fato uma tendência a ser mantida nos próximos meses.
A saída dos investidores do mercado de ações, por exemplo, pode ser mais forte porque muitos aproveitam o momento para embolsar os ganhos acumulados em meses de alta da Bovespa. Já as remessas de lucros são impulsionadas pela própria valorização cambial, que faz com que um mesmo volume de reais consiga comprar uma quantidade maior de dólares. "O Brasil continua razoavelmente bem e deve continuar a atrair investidores", afirma Marques.

Commodities
Já Eduardo Cotrim, sócio-diretor do Banco Modal, diz que o futuro da taxa de câmbio não está tão ligado ao fluxo de capital externo para o Brasil, e sim à expectativa do mercado em relação ao comportamento das "commodities" no mercado internacional, já que esses preços têm forte impacto nas contas externas e na inflação mundial.
"As perspectivas para o economia brasileira continuam bastante positivas. Hoje, o que move o mercado [de câmbio] são os preços das commodities, que estavam em forte alta e, nos últimos dias, deram sinais de queda", afirma.


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