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Crise pune mais a baixa renda e menor escolaridade
Radiografia do trabalho formal mostra aumento de vagas para mais qualificados
Dados do Ministério do
Trabalho indicam que a
renda média do trabalhador
teve ganho de 3,52% acima
da inflação no ano passado
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os trabalhadores com pouca
escolaridade e menor renda foram os mais afetados pela crise
econômica mundial, perdendo
espaço no mercado de trabalho
formal no ano passado. Os dados estão na radiografia do emprego formal divulgada anualmente pelo Ministério do Trabalho -a Rais (Relação Anual
de Informações Sociais)-, que
registrou a criação de 1,834 milhão de vagas com carteira assinada em 2008.
Os números refletem o efeito
devastador da crise nos último
bimestre do ano, quando as demissões bateram um patamar
histórico. Apesar disso, o total
de trabalhadores formais cresceu 4,88%. Chegou a 39,442
milhões de pessoas em 2008.
A redução do emprego para
os trabalhadores menos qualificados e com menores salários
foi acompanhada de um aumento na oferta de vagas para
pessoas com maior escolaridade e nível de renda. A Rais mostra que houve elevação do emprego para todas as faixas com
escolaridade a partir de ensino
médio incompleto.
Abaixo dessa linha, no entanto, todos os níveis de escolaridade apresentaram queda no
nível de emprego. "Na crise,
perdeu quem ganhava menos e
tinha menos escolaridade. Isso
é um alerta sobre a importância
da qualificação", disse o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Em março, a Folha havia antecipado com base em dados
oficiais inéditos que as principais vítimas da crise eram os
trabalhadores com renda até
três salários mínimos.
Por conta do crescimento da
mão de obra mais qualificada e
mais bem remunerada e da redução dos trabalhadores com
renda mais baixa e menor escolaridade, a renda média do trabalhador cresceu no ano passado acima da inflação. O ganho
real foi de 3,52%. O salário médio passou de R$ 1.443,77 para
R$ 1.494,66.
A análise da Rais revela ainda
que houve uma ligeira diminuição na diferença de renda entre
homens e mulheres, mas a força de trabalho masculina ainda
recebe melhores salários. Isso
ocorre mesmo com o avanço da
mão de obra feminina no mercado de trabalho. Em 2008, aumentou 5,5% o emprego para
as mulheres. Para os homens, o
crescimento foi de 4,4%.
A Rais é um registro do mercado formal mais abrangente
que o Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados), divulgado mensalmente
pelo governo. A relação, além
dos trabalhadores com carteira
assinada, inclui os servidores
públicos, os trabalhadores
temporários e os autônomos.
No ano passado, o Caged registrou a geração de 1,454 milhão de empregos. Para o ministro, a Rais de 2009 ficará
abaixo de 2008, mas ultrapassará 1 milhão de novas vagas.
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