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Loja de luxo no Iguatemi é suspeita de sonegar R$ 11 mi
Franziska Hübener vendia calçados em loja sem inscrição estadual no shopping
Polícia estima que vendas sem pagamento de ICMS tenham chegado a R$ 16 mi nos últimos dois anos;
empresária não se pronuncia
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A loja de calçados de luxo
Franziska Hübener, instalada
no shopping Iguatemi, foi fechada ontem após ser alvo de
uma ação de 20 policiais civis e
fiscais da Secretaria Estadual
da Fazenda por funcionar sem
inscrição estadual e por suspeita de sonegar R$ 11 milhões nos
últimos dois anos.
Sapatos, bolsas, cintos e bijuterias foram apreendidos ontem na loja da designer de calçados, citada recentemente na
imprensa francesa como uma
das dez melhores criadoras de
sapatos do mundo. No Bom Retiro, onde funcionam o showroom da loja e o escritório, os
policiais recolheram computadores, notas fiscais, livros contábeis e um caderno no qual
eram anotadas as vendas sem
nota -o caixa dois da loja.
Procurada pela Folha, a empresária e seus representantes
não foram localizados ontem.
O delegado Helio Bressan, da
1ª Delegacia de Crimes contra a
Fazenda, da Polícia Civil de São
Paulo, diz que a empresária é
suspeita de cometer crimes
contra a ordem tributária e será investigada também por formação de quadrilha e lavagem
de dinheiro. "Desde setembro
de 2007, ela vendia sem inscrição estadual. Se ela não declarou o imposto, onde está esse
dinheiro? Comprou apartamento, casa, iate, o que fez?",
questiona o delegado.
Há dois inquéritos abertos
contra a empresária desde junho deste ano na Polícia Civil.
Um deles apura uma dívida de
R$ 2,12 milhões com o fisco
paulista pelo não pagamento
de ICMS referente ao período
de 2005 a 2007. "Ao investigar
a loja, constatamos que está
com a inscrição cassada, que os
endereços do showroom e do
escritório não correspondiam
aos informados à Fazenda.
Com base nisso, pedimos mandado de busca e apreensão e recolhemos toda a mercadoria."
A polícia suspeita que metade das vendas era feita com nota e metade sem nota. E que,
nos últimos dois anos, o faturamento da loja tenha chegado a
R$ 16 milhões, segundo avaliação preliminar do delegado.
Uma das notas fiscais encontradas no estabelecimento, durante a Operação Scarpin (em
alusão a um tipo de sapato),
mostra que Franziska comprou uma sapatilha por R$ 7,35
e vendeu por R$ 185 sem pagar
imposto. A loja deve ficar fechada até que a inscrição estadual seja regularizada.
Seis funcionários prestaram
depoimento ontem. Um deles
informou que ainda não havia
recebido o salário deste mês,
que deveria ter sido pago ontem. "Alguns funcionários estavam registrados em empresa
sem sede e sem endereço. Vamos investigar também se há
crime contra a organização do
trabalho", diz o delegado.
A Folha apurou que a loja
também não costumava atender fiscais da Fazenda e dificultava o relacionamento com o
fisco trocando constantemente
seus advogados. Desde janeiro
de 2008, a loja deixou de prestar mensalmente as informações fiscais obrigatórias.
Nos últimos dez anos, essa é
a segunda vez que a Fazenda
encontra uma loja no shopping
Iguatemi funcionando sem inscrição estadual. Por meio de
nota, o Iguatemi informou que
"a relação que mantém com
seus lojistas é de locação" e que
"acompanhará com interesse o
caso e aguardará a conclusão
do trabalho das autoridades".
Essa é a terceira loja de luxo
que é alvo de fiscalização pelo
não pagamento de tributos.
Em 2005, a Daslu, de Eliana
Tranchesi, foi autuada por importação irregular. No ano passado, foi condenada, em primeira instância, a pena de 94
anos e meio de prisão. No mês
passado, a loja da empresária
Tania Bulhões foi fiscalizada
por policiais federais e auditores da Receita por suspeita de
fraudes em importação de artigos de decoração e móveis.
Com DANILO BANDEIRA, colaboração para a Folha
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