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LUÍS NASSIF
O financiamento às exportações
Na coluna de ontem apresentei as razões do Banco
Central, em resposta às críticas
aqui formuladas, de que o modelo de leilão de divisas para financiamento à exportação chegava apenas aos grandes exportadores, favorecendo arbitragens financeiras, mas não o aumento das exportações.
Na resposta, os diretores Beny
Parnes e Luiz Fernando Figueiredo rebatem os argumentos levantados, de que prazos de cinco
dias não seriam suficientes para
permitir aos exportadores montar suas operações. Sustentam os
diretores que, "dos US$ 488,5 milhões vendidos até agora pelo
BC, US$ 457 milhões foram repassados aos exportadores antes
do prazo dado pelas regras dos
leilões".
O fato de US$ 457 milhões terem sido repassados aos exportadores em menos de cinco dias
seria sinal de que se trata de
poucos exportadores financiando grandes operações. Segundo
informações do mercado, aliás, a
maior parte desse valor teria ido
para a Vale do Rio Doce, que
tem como um dos controladores
a Bradespar, do grupo Bradesco.
A visão do BC é que, vendendo
os dólares por meio de "dealers",
se evitariam favorecimentos.
Ocorre que até "dealers" não
operam com financiamento às
exportações. Indaga-se: para que
essa intermediação? Não seria
mais lógico o banco interessado
participar diretamente do leilão?
Para irrigar as exportações, a
questão central a ser respondida
é se existe algum canal específico
para essas linhas chegarem ao
pequeno e médio exportador
-o mais necessitado de financiamento. Esse exportador não
tem acesso a esse mecanismo baseado no circuito "dealer"-grande banco-grande exportador.
Nos anos 70 e 80 foi essa estrutura pulverizada que alimentou
o grande salto de exportações de
manufaturados brasileiros. Com
esse mecanismo -observam
consultores-, o BC brasileiro
está utilizando as reservas cambiais do país para financiar a siderúrgica européia que compra
o minério da Vale e irá pagar em
um ano.
A explicação de Beny Parnes,
no entanto, tem lógica, embora
demonstre a fragilidade institucional do governo para questões
estruturais, como o financiamento às exportações. Segundo
ele, apenas na próxima semana
haverá a divulgação de dados
tabulados, para saber para onde
foi o dinheiro. Mas não teria havido concentração. Mesmo assim, segundo ele, o papel do BC
foi identificar um problema de
liquidez do mercado e trabalhar
para corrigir e irrigar o mercado.
Mais, não caberia em suas atribuições.
Pelos dados preliminares, as linhas de financiamento vinham
caindo em taxas decrescentes.
Nesta semana houve um movimento de manutenção das linhas e até de uma pequena subida, prova de que as medidas teriam tido efeito.
Agora é evidente que essa linha de irrigação é um instrumento limitado, que tem apenas alcance macroeconômico.
Crime organizado
O caso da execução de adversários, diretamente comandada por Fernandinho Beira-Mar do presídio em que está hospedado, é um escândalo dentro de outro.
Como é que se grampeia o bandido, se identifica a ordem e se permite a execução?
Paulinho e Anadyr
O presidente da Força Sindical, Paulinho, é um sujeito civilizado, por quem tenho apreço pessoal. Mas seus ataques à controladora-geral da União, Anadyr
Rodrigues -tratando-a por "mal amada"-, são de uma grosseria indesculpável.
Anadyr é uma grande funcionária pública, que está desvendando uma área malcheirosa -a aplicação dos recursos do FAT-, atendo-se aos procedimentos jurídicos, sem atropelar prazos e colidindo de frente com um aliado incondicional de José Serra, o ex-ministro Francisco Dornelles.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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