São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Dólar e gasolina derrubam IPCA para 0,05%

Resultado de agosto é o mais baixo para o mês desde 1998; no ano, índice acumula variação de 1,78%

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuou de 0,19% em julho para 0,05% em agosto, a menor taxa de agosto desde 1998. Analistas esperavam uma alta de 0,23%. A alta acumulada no ano é de 1,78%.
Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o patamar baixo de inflação em agosto foi puxado pela queda nos preços dos combustíveis. Depois de subir 1,04% em julho no mercado internacional, o álcool teve queda de 0,80% e derrubou os preços da gasolina, que caíram 0,40%.
Segundo Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments Brasil, o que surpreendeu o mercado foi o comportamento de alimentos e combustíveis. O efeito do câmbio sobre os produtos alimentícios e a boa safra agrícola puxaram os preços para baixo. As pressões de alta vieram de produtos como carnes, que subiram 1,52% em razão da entressafra, e frutas (7,15%). "Mesmo as frutas estão subindo menos do que prevíamos", disse Srour.
A principal pressão de alta partiu dos reajustes de empregados domésticos, que passaram de 1,18% em julho para 2,26% em agosto. Em razão da metodologia usada pelo IBGE, o aumento é resultado ainda do reajuste do salário mínimo.
Com o resultado de agosto, economistas começaram a revisar para baixo suas projeções. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento, prevê que a inflação encerre o ano com alta de 3,2% na taxa acumulada em 12 meses.
Para o IBGE, o patamar mais baixo de inflação já configura tendência. "Na perspectiva de 12 meses, as taxas estão desacelerando. Essa tem sido a evidência e também o sinal de tendência", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Em agosto, a taxa acumulada em 12 meses ficou em 3,84%. Para Alex Agostini, da Austin Ratings, a inflação de 2006 será a menor desde 1998 (1,65%).

INPC
A inflação dos mais pobres registrou deflação de 0,02% em agosto, influenciada pelo peso maior dos produtos alimentícios e pelo efeito do câmbio. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) se refere a famílias com rendimento de um a seis salários mínimos. No ano, o INPC acumula variação de 1,16%, A taxa em 12 meses ficou em 2,85%.

IGP-DI sobe
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) subiu 0,41% em agosto, ante 0,17% de julho. Dos três componentes do índice, subiram o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), para 0,16% em agosto, ante 0,06% em julho, e o IPA (Índice de Preços por Atacado), de 0,17% em julho para 0,53% em agosto. O INCC foi de 0,24% em agosto.
Coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), Salomão Quadros, avaliou que a subida foi natural depois de uma queda muito forte em agosto. "No mês passado não houve um ponto de equilíbrio, mas queda muito forte derivada da redução dos preços dos metais ferrosos. Como eles voltaram a subir um pouco, o índice também acelerou. Mas nada indica que o IGP-DI vá subir muito ainda."


Colaborou TALITA FIGUEIREDO, da Sucursal do Rio

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