São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Pessimismo nos EUA faz Bolsa de SP cair 1,76%

Bancos voltam a apostar na continuidade da alta do real

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A véspera do feriado do Dia da Independência foi bem negativa para o mercado financeiro doméstico. Notícias internas positivas, como inflação menor que o esperado, foram ofuscadas pelo pessimismo que derrubou o mercado americano.
A Bolsa de Valores de São Paulo registrou forte perda de 1,76%. O dólar terminou as operações de ontem a R$ 2,152 -alta de 0,89%.
No mercado futuro de juros da BM&F, as taxas dos contratos DI (Depósito Interfinanceiro) mais curtos recuaram em resposta ao IPCA mais fraco. Mas as taxas subiram nos papéis com vencimentos mais longos devido aos EUA.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de apenas 0,05% em agosto. Como o IPCA é o índice de preços utilizado pelo Banco Central para monitorar a meta oficial de inflação, quanto menor estiver, maiores são as chances de a taxa básica Selic ser reduzida.
Nos Estados Unidos, a notícia de que os custos do trabalho por unidade se expandiram em ritmo acima do desejado trouxe novas preocupações em relação a pressões inflacionárias. Além disso, uma pesquisa mostrou que o setor de serviços cresceu mais do que o esperado em agosto.
Com isso, a Bolsa eletrônica Nasdaq teve forte desvalorização de 1,72%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 0,55%.
Já o Livro Bege do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), relatório sobre a conjuntura econômica apresentado ontem, disse que os Estados Unidos cresceram de junho a agosto, mas que já há sinais de desaceleração em várias regiões.
Com o mercado de mau humor, o fato de o Tesouro Nacional ter captado US$ 750 milhões por meio do lançamento de bônus denominados em reais no mercado internacional pouco repercutiu entre os investidores.

Real forte
Mesmo com a alta de ontem, o dólar ainda acumulada considerável baixa de 7,44% diante do real no ano.
Ontem, o BC divulgou que os bancos passaram a ficar "vendidos" em agosto, no valor de US$ 979 milhões. Ou seja, em vez de se comprometerem a comprar dólares, as instituições pretendem vender a moeda. Quando os bancos montam posições vendidas em dólar, mostram que confiam na queda da moeda estrangeira no futuro.
No final de julho, as instituições financeiras estavam "compradas" em US$ 1,781 bilhão no mercado à vista de dólar -o que indica que esperavam que o real se desvalorizasse.
No mês passado, aproveitando o fluxo positivo de divisas para o Brasil, o BC comprou aproximadamente US$ 4,6 bilhões para reforçar as reservas do país em moeda estrangeira. Entre janeiro e agosto, essas aquisições somaram US$ 23,5 bilhões -mais do que os US$ 21,5 bilhões comprados ao longo de todo o ano passado.
Ontem, as reservas internacionais do país estavam em US$ 71,566 bilhões, nível mais alto registrado pelas estatísticas do BC desde 1998. Embora a recomposição das reservas seja apresentada pelo BC como o motivo oficial para as compras de dólares, essas operações também afetam a taxa de câmbio, pois ajudam a impedir uma queda mais acentuada na cotação da moeda dos EUA.
A tendência de valorização do real reflete o forte ingresso de capital estrangeiro no país, conseqüência, principalmente, das exportações. Em agosto, a entrada líquida de dólares no país ficou em US$ 1,291 bilhão.


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