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Especialistas dizem que alta pode continuar
DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE
O que foi a "ancora verde"
da inflação em 2005 e 2006
se converteu em preocupação para o BC neste ano: os
preços dos alimentos sobem
com força e a expectativa de
especialistas é que o choque
fique por um longo período.
Segundo o economista
Luiz Roberto Cunha, da
PUC-Rio, a pressão é resultado da crescente demanda
mundial por alimentos especialmente na China e na Índia, fruto da rápida urbanização e do aumento da renda.
"Aquela coisa fantástica da
âncora verde que segurou a
inflação em 2005 e 2006 não
existe mais. Essa pressão dos
alimentos veio para ficar."
O consumo também aumentou no país, lembra ele.
"Graças a Deus, os pobres estão comendo mais no Brasil."
Para Carlos Thadeu de
Freitas, do Grupo de Conjuntura da UFRJ, o "choque
dos alimentos" persiste por
um período mais longo do
que se imaginava, comprometendo a inflação de 2008,
que deve ficar em 4,6%, acima do centro da meta do BC.
Alguns alimentos sobem
no acumulado do ano seguindo as cotações internacionais e o aumento da demanda. É o caso do leite pasteurizado (53,95%), do frango (6,01%), das carnes
(4,22%), e do pão francês
(4,44%). Somente em agosto,
as carnes subiram 2,98%.
"Nos meses iniciais do ano,
as lavouras foram muito prejudicadas pela chuva, o que
atingiu a qualidade dos grãos
e diminuiu a oferta. Mais recentemente, a entressafra do
leite levou à menor oferta. A
demanda interna e externa
[pelo produto] também está
muito forte. Isso pressionou
a taxa dos alimentos em geral", disse Eulina Nunes dos
Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Ela disse que os preços podem se manter pressionados
nos próximos meses.
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