São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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Selic em queda encarece custo de fundo

Taxa de administração tem se mantido estável, mas seu peso no ganho final cresceu devido ao "achatamento" dos juros

Enquanto juro básico caiu de 13,75% para 8,75%, taxa de administração dos fundos DI oscilou, na média, de 1,01% para 0,99% no ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A não-concretização da temida fuga de recursos dos fundos para a poupança criou uma zona de conforto para o governo e os bancos, que poderão manter por mais tempo as coisas como estão. Para o investidor, a notícia pode não ser tão animadora.
As taxas de administração dos fundos DI têm se mantido praticamente estáveis neste ano. O problema é que a taxa básica Selic, referência para os juros praticados nas aplicações, caiu de forma considerável desde janeiro. Dessa forma, os custos dos fundos estão proporcionalmente mais "salgados".
Os fundos DI são formados com títulos públicos e privados que acompanham a taxa Selic. Com isso, a rentabilidade que oferecem ao investidor tem encolhido. De janeiro até agora, a taxa Selic recuou de 13,75% para 8,75% anuais.
Na outra ponta, a taxa de administração média dos fundos DI foi de 1,01% em janeiro para 0,99% em julho. Isso significa que, em janeiro, a taxa de administração representava 7,35% da Selic. Agora, passou a representar 11,31%. Em outras palavras, a taxa de administração atual "corrói" mais a rentabilidade do que no início do ano.
"Proporcionalmente, tem ficado mais caro aplicar em um fundo. A participação da taxa de administração no ganho final do investidor está maior. Mas, enquanto os clientes não reclamarem, protestarem ou saírem em busca de outras alternativas, os bancos vão permanecer em uma situação tranquila", afirma Mauro Halfeld, professor da Universidade Federal do Paraná.
O que as instituições financeiras fizeram nos últimos meses foi diminuir a aplicação mínima inicial de muitos fundos. Com isso, o cliente passou a ter mais alternativas para buscar um fundo menos custoso e mais rentável. Os fundos têm limites mínimos de aplicação inicial. Normalmente, as aplicações que exigem aportes maiores de recursos são as menos custosas. Enquanto há fundos DI para grandes aplicadores com taxa de administração abaixo de 0,90%, no varejo o normal é encontrar aplicações que cobram 2,5%.
As medidas dos bancos permitiram que um investidor com, por exemplo, R$ 20 mil, pudesse aplicar em um fundo que havia pouco tempo exigia no mínimo R$ 50 mil de aporte inicial do cliente.
Segundo Marcos Villanova, diretor da área de investimentos do Bradesco, "houve redução das taxas cobradas de forma indireta. Para o cliente, o que importa é que demos uma oportunidade de encontrar opções mais interessantes".
Villanova avalia que os bancos estão fazendo a sua parte e que é importante que o investidor brasileiro comece a entender que os tempos são outros. "Temos de aprender a conviver em um novo cenário, esquecer os juros nominais elevados."
A taxa de administração está presente em todos os fundos. Como a poupança não cobra essa taxas e nem mesmo Imposto de Renda, passou-se a discutir com mais atenção o risco de os investidores começarem a migrar dos fundos para a poupança. Esse movimento não interessa aos bancos, pois perderiam importante receita que têm com os fundos. No caso do governo, os fundos são relevantes por serem compradores de títulos públicos, destinados a financiar suas despesas.
O último balanço da Anbid (associação dos bancos de investimento) mostrou que os fundos DI e de renda fixa (que pagam juros) captaram líquidos R$ 3,26 bilhões em agosto. A poupança captou R$ 3,10 bilhões no mês passado.


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