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Selic em queda encarece custo de fundo
Taxa de administração tem se mantido estável, mas seu peso no ganho final cresceu devido ao "achatamento" dos juros
Enquanto juro básico caiu
de 13,75% para 8,75%,
taxa de administração dos
fundos DI oscilou, na média,
de 1,01% para 0,99% no ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A não-concretização da temida fuga de recursos dos fundos
para a poupança criou uma zona de conforto para o governo e
os bancos, que poderão manter
por mais tempo as coisas como
estão. Para o investidor, a notícia pode não ser tão animadora.
As taxas de administração
dos fundos DI têm se mantido
praticamente estáveis neste
ano. O problema é que a taxa
básica Selic, referência para os
juros praticados nas aplicações,
caiu de forma considerável desde janeiro. Dessa forma, os custos dos fundos estão proporcionalmente mais "salgados".
Os fundos DI são formados
com títulos públicos e privados
que acompanham a taxa Selic.
Com isso, a rentabilidade que
oferecem ao investidor tem encolhido. De janeiro até agora, a
taxa Selic recuou de 13,75% para 8,75% anuais.
Na outra ponta, a taxa de administração média dos fundos
DI foi de 1,01% em janeiro para
0,99% em julho. Isso significa
que, em janeiro, a taxa de administração representava 7,35%
da Selic. Agora, passou a representar 11,31%. Em outras palavras, a taxa de administração
atual "corrói" mais a rentabilidade do que no início do ano.
"Proporcionalmente, tem ficado mais caro aplicar em um
fundo. A participação da taxa
de administração no ganho final do investidor está maior.
Mas, enquanto os clientes não
reclamarem, protestarem ou
saírem em busca de outras alternativas, os bancos vão permanecer em uma situação
tranquila", afirma Mauro Halfeld, professor da Universidade
Federal do Paraná.
O que as instituições financeiras fizeram nos últimos meses foi diminuir a aplicação mínima inicial de muitos fundos.
Com isso, o cliente passou a ter
mais alternativas para buscar
um fundo menos custoso e
mais rentável. Os fundos têm limites mínimos de aplicação
inicial. Normalmente, as aplicações que exigem aportes
maiores de recursos são as menos custosas. Enquanto há fundos DI para grandes aplicadores com taxa de administração
abaixo de 0,90%, no varejo o
normal é encontrar aplicações
que cobram 2,5%.
As medidas dos bancos permitiram que um investidor
com, por exemplo, R$ 20 mil,
pudesse aplicar em um fundo
que havia pouco tempo exigia
no mínimo R$ 50 mil de aporte
inicial do cliente.
Segundo Marcos Villanova,
diretor da área de investimentos do Bradesco, "houve redução das taxas cobradas de forma indireta. Para o cliente, o
que importa é que demos uma
oportunidade de encontrar opções mais interessantes".
Villanova avalia que os bancos estão fazendo a sua parte e
que é importante que o investidor brasileiro comece a entender que os tempos são outros.
"Temos de aprender a conviver
em um novo cenário, esquecer
os juros nominais elevados."
A taxa de administração está
presente em todos os fundos.
Como a poupança não cobra essa taxas e nem mesmo Imposto
de Renda, passou-se a discutir
com mais atenção o risco de os
investidores começarem a migrar dos fundos para a poupança. Esse movimento não interessa aos bancos, pois perderiam importante receita que
têm com os fundos. No caso do
governo, os fundos são relevantes por serem compradores de
títulos públicos, destinados a
financiar suas despesas.
O último balanço da Anbid
(associação dos bancos de investimento) mostrou que os
fundos DI e de renda fixa (que
pagam juros) captaram líquidos R$ 3,26 bilhões em agosto.
A poupança captou R$ 3,10 bilhões no mês passado.
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