São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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Argentina muda trigo, mas Brasil ainda critica

Contrabando do produto levou brasileiros a pressionar por mudanças do vizinho

Pré-mistura e farinha argentinas agora pagam 10% para serem exportadas, mas a do trigo é de 20%, prejudicial a moinhos daqui

DA REUTERS

Sob pressão do Brasil, que procura evitar contrabando, a Argentina mudou as taxas de exportação de alguns de seus derivados de trigo. Mas elas ficaram mais baixas do que a taxa de exportação do trigo, o que torna a farinha argentina mais competitiva que a brasileira.
O imposto de exportação para o Mercosul da pré-mistura de trigo passou de 5% para 10%. A taxa de exportação de farinha de trigo foi reduzida em dez pontos e equiparada à da pré-mistura.
Segundo uma investigação feita por autoridades do Brasil, foi detectado o ingresso no país de farinha de trigo sob classificação de pré-mistura, que tinha imposto menor que a farinha.
A medida do governo argentino foi tomada depois de reiterados pedidos da associação de moinhos do Brasil (Abitrigo) para que as autoridades brasileiras coibissem a prática de contrabando.
A mudança, entretanto, foi considerada insatisfatória pelos moinhos brasileiros. Isso porque, por conta da taxa de 20% cobrada para a sua exportação, o trigo argentino é cotado hoje a US$ 190 por tonelada para o importador, enquanto o moinho argentino paga US$ 165 por tonelada.
"Vai continuar entrando no Brasil farinha pagando 10% a menos de imposto [em relação ao trigo]", disse o presidente-executivo da Abitrigo, Samuel Hosken, admitindo que a medida, pelo menos, deverá coibir o contrabando.
Para Hosken, os argentinos deveriam dar um tratamento preferencial à indústria do Brasil, que compra grande parte da produção do grão argentino.
Na safra 2006/07, dos 7,9 milhões de toneladas de trigo que a indústria brasileira poderia comprar no exterior, 6,4 milhões de toneladas seriam adquiridas na Argentina, segundo a Abitrigo.
"Os moinhos gastariam ao todo com essas importações US$ 1,2 bilhão", afirmou Hosken, salientando que se trata de uma receita expressiva.
"Queremos medidas compensatórias ou a aplicação da lei antidumping", disse o executivo, lembrando que o Chile já aplica um imposto de importação de 17% para restringir a entrada da farinha argentina.


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