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ABRAM SZAJMAN
Brasil: potência ambiental
Nosso país pode se credenciar a receber créditos de carbono que poluidores têm que pagar para compensar seus estragos
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QUAL O futuro da espécie humana na Terra? Essa pergunta começa a ser feita por
um número cada vez maior de pessoas, especialmente políticos e empresários.
Os modernos meios de comunicação e transporte e a construção de
cidades com residências dotadas de
todos os confortos oferecidos por
aparelhos cada vez mais automatizados ameaçam exaurir os recursos
naturais. E provocam os problemas
de poluição global, regional e local
que transformaram as questões ambientais em um dilema crucial: ou a
degradação é detida ou a vida no planeta estará ameaçada.
O problema ambiental, porém,
não pode ser corretamente entendido nem solucionado de forma isolada dos aspectos econômicos e sociais que condicionam a história da
humanidade e da civilização. Quando o homem se fixou na terra gerando um excedente na produção agrícola, surgiu ao mesmo tempo o comércio, em seguida o dinheiro e,
mais recentemente, a produção industrial e o capital financeiro. Esses
fatores nunca foram distribuídos de
maneira eqüitativa e a desigualdade
provocou abissais diferenças não
apenas entre classes sociais mas
também entre os povos.
O padrão de acumulação individual que privilegiou uma elite social
e de países, excluindo amplas maiorias da população mundial dos benefícios do desenvolvimento econômico e dos avanços tecnológicos, mostra-se hoje tão esgotado como a utilização predatória dos cada vez mais
escassos recursos naturais.
Mesmo as classes mais favorecidas dos diferentes países adquirem a
consciência de que sua tranqüilidade não estará assegurada enquanto
milhões de seres humanos forem
privados dos meios básicos de sobrevivência.
Para romper esse círculo vicioso
em que desigualdade social e destruição ambiental encontram-se e
alimentam-se de modo recíproco, a
ação dos governos e de organismos
como a ONU é fundamental, mas
não é o bastante. A responsabilidade
ambiental e social tornou-se um dever de todos e, sobretudo, daqueles
que estão à frente dos processos econômicos: os empresários, de todos
os portes e setores.
É nessa encruzilhada da humanidade, entre preservação ou destruição do planeta e entre civilização ou
barbárie, que o Brasil e os empresários brasileiros precisam assumir
suas responsabilidades e proceder a
uma dupla escolha.
Acredito que nosso país pode
reencontrar o rumo do crescimento
econômico transformando-se numa
potência ecológica e ambiental que
se credencie, por meio de projetos
de desenvolvimento sustentável, a
receber os créditos de carbono que
os países e as empresas poluidoras
têm que pagar para compensar o estrago que fazem.
Essa opção deve ser acompanhada
por outra: responsabilidade social.
Além do respeito aos direitos dos
trabalhadores urbanos, não é mais
possível ignorar, por exemplo, a função social da propriedade da terra. O
latifúndio improdutivo está na raiz
de metrópoles ingovernáveis e de
nossa triste liderança na desigualdade da distribuição de renda.
Finalmente, o Brasil potência ambiental e social que vislumbramos
pode apresentar taxas de crescimento menores, mas certamente
serão mais sustentadas.
Grandes empresas já descobriram
que responsabilidade ambiental e
social pode ser um diferencial competitivo. Em breve, aquelas que persistirem em desrespeitar a natureza
ou seus próprios trabalhadores sofrerão a mais severa das punições: o
desprezo do consumidor.
ABRAM SZAJMAN é presidente da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac.
Excepcionalmente hoje não é publicado o artigo de JOSÉ
ALEXANDRE SCHEINKMAN .
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