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Companhias anunciam suspensão de aquisições
VCP e Aracruz postergam acordo, enquanto a Cyrela desiste de comprar a Agra
Crise de liquidez afeta mais
profundamente economia
não-financeira, valor de ações despenca, e Leco e Vigor cancelam oferta inicial
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de transformar em pó o
valor das empresas na Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo), a crise do crédito tem feito
outras vítimas na economia
real. Na noite de sexta-feira,
VCP e Aracruz informaram o
adiamento do acordo que criaria a maior fabricante de celulose do mundo, com a fusão das
duas empresas. A Cyrela comunicou ontem que não comprará
mais a Agra, conforme anunciara em junho.
Apesar de VCP e Aracruz não
esclarecerem os motivos do
adiamento, analistas acreditam
que o negócio tenha sido postergado em razão das perdas reconhecidas pela Aracruz. Na
sexta, a empresa reconheceu
que poderá ter prejuízo de R$
1,950 bilhão por causa de operações financeiras com câmbio.
Caso as condições de volatilidade, taxa de juros e cotação do
câmbio sejam piores do que as
do dia 30 de setembro, o prejuízo poderá ser maior. "Certamente a postergação do negócio foi causada pelas perdas da
Aracruz", diz Luiz Otávio
Broad, analista da Ágora Corretora. "A fusão faz todo o sentido, só que, agora, o valor da empresa é outro."
Com o anúncio, as ações da
Aracruz sem direito a voto caíram 15,46%. As com direito a
voto perderam 8,77% de seu valor. Já os papéis da VCP tiveram perdas de 1,04%.
A Cyrela anunciou ontem a
rescisão do contrato de aquisição da Agra. Segundo a construtora, o motivo foram incompatibilidades entre os sócios.
Mesmo assim, a Cyrela comprará SPEs (sociedades de propósito específico) e suas dívidas
da Agra, no valor de R$ 120 milhões. "A não-realização do negócio não teve a ver com problemas de crédito", diz Luiz
Largman, diretor de relações
com investidores da Cyrela. "O
que houve foi incompatibilidade entre os sócios, com relação
a alguns projetos."
Analistas de mercado, no entanto, dizem que é possível ter
havido uma nova renegociação
durante o processo de auditoria. "Na época da compra, falou-se que o valor pago pela
Agra era justo", diz Eduardo
Silveira, analista do banco Fator. "Só que, depois da venda da
Tenda, da Company e da crise
de crédito, o cenário é outro."
De todo modo, o mercado
gostou da mudança. As ações da
Cyrela subiram 2,35%, num dia
em que o Ibovespa caiu 5,43%.
Já as da Agra foram praticamente fulminadas: caíram nada menos do que 81,55%.
Elas não foram as únicas. Levantamento da consultoria
Economática mostra que, das
10 ações que mais recuaram no
último ano, 7 são do setor de
construção civil. A retração do
mercado de capitais fez com
que a Vigor e a Leco cancelassem ontem a oferta de papéis.
Durante a conferência realizada pela MMX Mineração ontem, as principais perguntas
dos analistas diziam respeito a
crédito. A mineradora afirmou
que conseguirá sustentar sua
expansão a curto e médio prazos com seu próprio caixa.
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