São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Alta do dólar ensaia compensar impacto da redução dos preços

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

A perspectiva de que o câmbio se acomode num patamar mais elevado alimenta a esperança do agronegócio de que "o limão" da turbulência dos mercados financeiros resulte numa "limonada" para o setor.
Os preços na Bolsa de Chicago fecharam ontem em baixa expressiva tanto em relação às cotações do fim do ano passado quanto na comparação com os recordes em 2008.
Muito desse movimento se explica pela busca de determinados setores de levantar recursos diante de perdas severas em outros setores da economia.
O bushel de soja (27,2 kg) terminou o dia em US$ 9,22, recuo de 44,6% em relação à máxima de US$ 16,63 alcançada em 3 de julho. Em relação a dezembro, a baixa é de 23,1%. Já o bushel de milho (25,4 kg) ficou em US$ 4,24, queda de 44,6% ante o pico de US$ 7,65, registrado em 27 de junho. Na comparação com os US$ 4,56 do fim de 2007, o recuo é de 7%.
Segundo a Bloomberg, os investidores em índices referenciados em commodities retiraram US$ 10,2 bilhões dos contratos futuros agrícolas no terceiro trimestre. De acordo com o UBS, os saques ultrapassaram o total de captações contabilizado desde 2006.
Os fluxos de entrada de capital somaram US$ 9,9 bilhões do terceiro trimestre de 2006 ao segundo trimestre de 2008, disse John Reade, analista do banco em Londres, em relatório divulgado ontem.
Para Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria, essa é a comprovação de que a queda dos preços agrícolas se deve à instabilidade econômica global e não se explica por fundamentos dos mercados agropecuários.
"Não há fundamentos que expliquem essa baixa tão intensa. Como também não havia quando ocorreram as fortes altas há alguns meses", afirma.

Oportunidade cambial
Mesmo com essa instabilidade, a depreciação do real tem propiciado boas oportunidades. Empresas mais capitalizadas vêm conseguindo, nas últimas semanas, exportar álcool combustível a um preço equivalente a R$ 1,20 o litro, enquanto o mercado interno paga R$ 0,92, relata Marcos Escobar, consultor de gerenciamento de risco da FCStone.
O açúcar propicia outro exemplo da vantagem da mudança do câmbio. Em Nova York, o preço passou de 15,50 para 12 centavos de dólar por libra-peso. Em compensação, o dólar subiu de R$ 1,60 para perto de R$ 2,20, compara Tarcilo Rodrigues, diretor-executivo da Bioagência Consultoria.


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