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Austrália é 1ª grande economia a elevar juro
Decisão cita crescimento chinês e mercado de commodities e aumenta otimismo sobre a recuperação da economia global
Para analistas, outros BCs podem não aumentar juros temendo valorização de suas moedas, o que derruba
competitividade no exterior
DA REDAÇÃO
Com os sinais de que o pior
da crise já passou, a Austrália
(um dos raros países que conseguiram evitar a recessão) foi a
primeira das grandes economias que voltou a elevar juros.
Em uma decisão surpreendente, o banco central australiano aumentou os juros em
0,25 ponto percentual, para
3,25% anuais, interrompendo o
ciclo de corte que iniciou em
setembro do ano passado,
quando a taxa estava em 7,25%.
Os juros até então estavam no
seu menor nível desde 1960.
De acordo com o organismo,
é "prudente agora começar a
diminuir gradativamente o estímulo" concedido pela redução nos juros, já que o crescimento da economia no ano que
vem deve ficar perto da média,
a inflação está próxima da meta
e o risco "de séria contração
econômica já passou".
A decisão australiana foi bem
recebida pelos mercados globais, já que indica que a economia está se recuperando em algumas partes do mundo. O próprio BC da Austrália diz que o
avanço da China está sendo
bastante forte, o que provoca
um impacto positivo significativo na região e nos mercados
de commodities -o país da
Oceania e o Brasil são grandes
exportadores de minérios e alimentos.
A recuperação da Ásia, puxada pela China, está sendo tão
forte que analistas temem que
seja criada uma bolha nas Bolsas e ocorra um aumento brusco na inflação na região caso os
governos não comecem a desarmar logo as medidas de estímulo (ou seja, planos econômicos e cortes nos juros).
Apesar de ter evitado a recessão (ou seja, dois trimestres
consecutivos de retração no
PIB), a economia australiana
não passou sem arranhões pela
crise global: ela se retraiu em
0,7% de outubro a dezembro de
2008. Para ter uma ideia, o PIB
do Brasil caiu 3,4% no quarto
trimestre de 2008 e se contraiu
novamente nos três meses seguintes, antes de voltar a se expandir entre abril e junho.
Apesar da boa recepção, a
medida australiana não deve
ser copiada rapidamente pelos
principais BCs globais, ainda
que isso não seja descartado. O
Fed (EUA), por exemplo, disse
recentemente que não pretende mudar sua política monetária neste ano. Os juros americanos (perto de zero) estão no seu
menor nível histórico.
Analistas cogitam que a decisão australiana pode ser seguida por Coreia do Sul e Indonésia -esses três países conseguiram escapar da recessão global,
com suas economias se retraindo apenas no quarto trimestre
de 2008 e voltando a crescer no
início deste ano.
O BC israelense aumentou os
juros em agosto e foi o primeiro
dos países desenvolvidos a elevar a taxa desde que a crise
mundial se agravou, em setembro do ano passado.
Um dos motivos que, segundo analistas, podem impedir os
BCs globais de aumentar os juros é o impacto nas suas moedas. Caso as taxas fiquem muito
distantes das estabelecidas pelo BC dos EUA, as suas moedas
podem se valorizar em relação
ao dólar, já que os investidores
procuram aplicar em países
com juros mais altos. Com isso,
suas exportações ficarão menos competitivas, afetando a
recuperação da economia.
Com agências internacionais
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