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EM TRANSE
Moeda dos EUA interrompe sequência de quedas e sobe 3,83%, apesar dos esclarecimentos do Tesouro e da prefeitura
Confusão sobre dívida de SP faz dólar subir
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Acabou a trégua no câmbio, pelo menos ontem. O dólar disparou 3,83% e encerrou os negócios
vendido a R$ 3,66. O desencontro
de informações sobre o não-pagamento de uma parcela de amortização da dívida da Prefeitura de
São Paulo com a União azedou o
humor do mercado e encerrou a
sequência de baixas do dólar nos
últimos dias.
A moeda já abriu em forte alta e
fechou na máxima do dia. As explicações do secretário das Finanças de São Paulo, João Sayad, e do
Tesouro Nacional, no sentido de
que a prefeitura não deu calote,
mas apenas deixou de exercer
uma opção, não foram suficientes
para inverter a escalada do dólar.
"O mercado está muito receoso
em relação ao tema [calote]. Um
erro de interpretação foi suficiente para fazer tudo isso. Apesar de
o mercado ter demonstrado calma nos últimos dias, o episódio
mostra que caminhamos em gelo
fino", afirma Alexandre Vasarhelyi, chefe da mesa de câmbio do
banco ING.
Antes de as autoridades se pronunciarem sobre o assunto, as tesourarias de bancos saíram à
compra de dólares. Operadores
afirmam que a presença de empresas no mercado de câmbio foi
muito pequena.
"Se mesmo sem acontecer nada
de mais grave já deu nisso, imagine se algo [um calote] realmente
acontecesse", diz Vasarhelyi. Há
quase um mês o dólar não subia
tanto em um dia.
No mercado externo, os C-Bonds, principais papéis da dívida, fecharam em queda de 1,4%,
vendidos a US$ 0,5756. O risco-país subiu 4,4%, a 1.827 pontos.
"O mercado melhorou após o
fim das eleições, e [as pessoas]
acharam que havia uma lua-de-mel com o novo governo. Isso não
é verdade. Qualquer notícia, ou
falta dela, acaba sacudindo o mercado", diz Joaquim Kokudai, do
banco Lloyds TSB.
O Banco Central voltou a atuar
no câmbio, sem conseguir deter a
alta do dólar. Segundo operadores, foi realizada venda de dólares
pelo BC no início da tarde.
As taxas de juros acompanharam a escalada do dólar. Nos últimos dias, os contratos DI -que
consideram os juros interbancários- vinham operando com
poucas oscilações.
No contrato DI de prazo mais
curto, o de dezembro, negociado
na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas subiram de
21,64% para 21,95% ao ano. No
contrato de janeiro de 2003, o
mais negociado, a taxa fechou em
22,93%, contra 22,63% ao ano registrados no dia anterior.
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