São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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EM TRANSE

Moeda dos EUA interrompe sequência de quedas e sobe 3,83%, apesar dos esclarecimentos do Tesouro e da prefeitura

Confusão sobre dívida de SP faz dólar subir

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Acabou a trégua no câmbio, pelo menos ontem. O dólar disparou 3,83% e encerrou os negócios vendido a R$ 3,66. O desencontro de informações sobre o não-pagamento de uma parcela de amortização da dívida da Prefeitura de São Paulo com a União azedou o humor do mercado e encerrou a sequência de baixas do dólar nos últimos dias.
A moeda já abriu em forte alta e fechou na máxima do dia. As explicações do secretário das Finanças de São Paulo, João Sayad, e do Tesouro Nacional, no sentido de que a prefeitura não deu calote, mas apenas deixou de exercer uma opção, não foram suficientes para inverter a escalada do dólar.
"O mercado está muito receoso em relação ao tema [calote]. Um erro de interpretação foi suficiente para fazer tudo isso. Apesar de o mercado ter demonstrado calma nos últimos dias, o episódio mostra que caminhamos em gelo fino", afirma Alexandre Vasarhelyi, chefe da mesa de câmbio do banco ING.
Antes de as autoridades se pronunciarem sobre o assunto, as tesourarias de bancos saíram à compra de dólares. Operadores afirmam que a presença de empresas no mercado de câmbio foi muito pequena.
"Se mesmo sem acontecer nada de mais grave já deu nisso, imagine se algo [um calote] realmente acontecesse", diz Vasarhelyi. Há quase um mês o dólar não subia tanto em um dia.
No mercado externo, os C-Bonds, principais papéis da dívida, fecharam em queda de 1,4%, vendidos a US$ 0,5756. O risco-país subiu 4,4%, a 1.827 pontos.
"O mercado melhorou após o fim das eleições, e [as pessoas] acharam que havia uma lua-de-mel com o novo governo. Isso não é verdade. Qualquer notícia, ou falta dela, acaba sacudindo o mercado", diz Joaquim Kokudai, do banco Lloyds TSB.
O Banco Central voltou a atuar no câmbio, sem conseguir deter a alta do dólar. Segundo operadores, foi realizada venda de dólares pelo BC no início da tarde.
As taxas de juros acompanharam a escalada do dólar. Nos últimos dias, os contratos DI -que consideram os juros interbancários- vinham operando com poucas oscilações.
No contrato DI de prazo mais curto, o de dezembro, negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas subiram de 21,64% para 21,95% ao ano. No contrato de janeiro de 2003, o mais negociado, a taxa fechou em 22,93%, contra 22,63% ao ano registrados no dia anterior.


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