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PRIVATIZAÇÃO
Venda está marcada para dezembro; governador eleito de SC cobrou ontem a devolução do banco ao Estado
Lula tentará adiar leilão do Besc, diz porta-voz
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, fará "gestões" para
adiar o leilão de privatização do
Besc (Banco do Estado de Santa
Catarina), informou seu porta-voz, André Singer. A decisão vai
ao encontro da pressão política liderada pelo governador eleito do
Estado, Luiz Henrique (PMDB).
Recebido ontem por Lula em
Brasília, Luiz Henrique apresentou um apoio -a um novo pacto
federativo envolvendo reformas
estruturais -e uma cobrança -
a devolução do Besc, hoje federalizado, a Santa Catarina.
Após o encontro, no prédio do
cedido para a equipe de transição
de governo, o governador eleito
disse que Lula prometeu, durante
a campanha eleitoral, barrar a privatização. Luiz Henrique apoiou
Lula no segundo turno.
O Besc tem preço mínimo de R$
520 milhões e é o mais importante
dos quatro bancos estaduais com
leilões marcados para este último
bimestre do governo Fernando
Henrique Cardoso -os outros
são os de Piauí, Maranhão e Ceará. A venda do Besc, pelo edital do
Banco Central, deverá acontecer
em 16 de dezembro.
O PT diz que o momento atual,
de estagnação econômica, não é o
mais adequado para uma privatização. Luiz Henrique é mais explícito: diz que o Estado quer o
banco de volta e refuta a argumentação que embasa a venda.
"Algumas agências podem ser
deficitárias do ponto de vista econômico, mas são superavitárias
do ponto de vista social", afirmou. A continuidade do programa de privatização de bancos estaduais está prevista no acordo
com o FMI, e os recursos obtidos
devem ser usados para abater a
dívida do governo federal.
Aliado de Lula no PMDB e primeiro governador eleito a conseguir uma audiência oficial com o
futuro presidente, Luiz Henrique
se comprometeu a apoiar um dos
pontos principais da estratégia
política do PT: um pacto político
com os governadores em favor
das reformas política, tributária e
previdenciária.
Ele descreveu esse conjunto de
ações como uma "ruptura". O uso
dessa palavra e declarações mal
interpretadas a respeito da renegociação de dívidas estaduais chegaram a ser apontadas ontem entre as razões da alta do dólar.
Outro governador eleito recebido ontem por Lula, Germano Rigotto (PMDB-RS), fez coro: defendeu as reformas como a única
forma de resolver de forma definitiva os problemas financeiros
dos Estados.
Questionado se também defendia a renegociação das dívidas, Rigotto foi enfático: "Eu não vim pedir nada. Pelo amor de Deus, não
interpretem mal o que eu disse".
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