São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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PRIVATIZAÇÃO

Venda está marcada para dezembro; governador eleito de SC cobrou ontem a devolução do banco ao Estado

Lula tentará adiar leilão do Besc, diz porta-voz

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fará "gestões" para adiar o leilão de privatização do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), informou seu porta-voz, André Singer. A decisão vai ao encontro da pressão política liderada pelo governador eleito do Estado, Luiz Henrique (PMDB).
Recebido ontem por Lula em Brasília, Luiz Henrique apresentou um apoio -a um novo pacto federativo envolvendo reformas estruturais -e uma cobrança - a devolução do Besc, hoje federalizado, a Santa Catarina.
Após o encontro, no prédio do cedido para a equipe de transição de governo, o governador eleito disse que Lula prometeu, durante a campanha eleitoral, barrar a privatização. Luiz Henrique apoiou Lula no segundo turno.
O Besc tem preço mínimo de R$ 520 milhões e é o mais importante dos quatro bancos estaduais com leilões marcados para este último bimestre do governo Fernando Henrique Cardoso -os outros são os de Piauí, Maranhão e Ceará. A venda do Besc, pelo edital do Banco Central, deverá acontecer em 16 de dezembro.
O PT diz que o momento atual, de estagnação econômica, não é o mais adequado para uma privatização. Luiz Henrique é mais explícito: diz que o Estado quer o banco de volta e refuta a argumentação que embasa a venda.
"Algumas agências podem ser deficitárias do ponto de vista econômico, mas são superavitárias do ponto de vista social", afirmou. A continuidade do programa de privatização de bancos estaduais está prevista no acordo com o FMI, e os recursos obtidos devem ser usados para abater a dívida do governo federal.
Aliado de Lula no PMDB e primeiro governador eleito a conseguir uma audiência oficial com o futuro presidente, Luiz Henrique se comprometeu a apoiar um dos pontos principais da estratégia política do PT: um pacto político com os governadores em favor das reformas política, tributária e previdenciária.
Ele descreveu esse conjunto de ações como uma "ruptura". O uso dessa palavra e declarações mal interpretadas a respeito da renegociação de dívidas estaduais chegaram a ser apontadas ontem entre as razões da alta do dólar.
Outro governador eleito recebido ontem por Lula, Germano Rigotto (PMDB-RS), fez coro: defendeu as reformas como a única forma de resolver de forma definitiva os problemas financeiros dos Estados.
Questionado se também defendia a renegociação das dívidas, Rigotto foi enfático: "Eu não vim pedir nada. Pelo amor de Deus, não interpretem mal o que eu disse".


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