São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2006

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Bradesco abate compras e lucra R$ 219 mi

Sem considerar aquisições, lucro do maior banco privado do país vai a R$ 4,7 bi no ano; carteira de crédito cresce 22%

Instituição segue o Itaú e usa o balanço do terceiro trimestre para amortizar operações recentes como compra da Amex no país


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco, o maior banco privado do país, seguiu o rival Itaú e aproveitou o terceiro trimestre do ano para amortizar aquisições feitas nos últimos tempos. Dessa forma, o lucro líquido do banco entre julho e setembro deste ano encolheu consideravelmente.
Mesmo assim, o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 219 milhões no terceiro trimestre do ano. Se for desconsiderado o efeito da amortização do ágio das operações de compra de instituições feitas pelo Bradesco, o lucro ficaria em R$ 1,611 bilhão no trimestre.
Mesmo com os descontos, o lucro do Bradesco acumulado no ano é expressivo: R$ 3,35 bilhões entre janeiro e setembro. Sem o efeito das amortizações do terceiro trimestre, o lucro líquido ajustado do banco no ano bateria em R$ 4,74 bilhões.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, explicou que todo o estoque de ágio que o banco tinha foi amortizado. Grande parte do ágio se refere à compra das operações da American Express no país, por US$ 490 milhões, feita em março. Operações mais antigas, como as envolvendo o Banco do Estado do Ceará, o Mercantil e o BCN também entraram no cálculo.
"O Bradesco aproveitou o momento e, na esteira do Itaú, também amortizou os ágios que podia. Já que os dois maiores bancos privados decidiram fazer isso ao mesmo tempo, é provável que o Unibanco também realize as amortizações que puder em seu balanço do terceiro trimestre", afirmou Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
O Unibanco anuncia seus resultados na quinta-feira.
O Itaú registrou lucro de R$ 71 milhões no terceiro trimestre, devido ao efeito negativo de R$ 1,76 bilhão da compra do BankBoston no país.

Força do crédito
O Bradesco mostrou em seu balanço que a continuidade da expansão da carteira de crédito segue sendo fundamental para seu resultado.
"O crédito está exatamente em linha com nossas expectativas, de crescimento entre 22% e 25% neste ano", diz Cypriano.
A carteira de crédito da instituição chegou ao fim de setembro totalizando R$ 92,01 bilhões -aumento de 22,3% em 12 meses. O segmento de pessoa física cresceu um pouco acima da média (27% no período), totalizando R$ 38,8 bilhões no fim do terceiro trimestre.
A maior concessão de crédito à pessoa física -que carrega mais riscos- fez com que o Bradesco sentisse um crescimento na inadimplência total. De 2,6% da carteira em setembro de 2005, o índice de inadimplência -considerando operações vencidas acima de 90 dias- foi a 3,4% em setembro último.
"Houve uma mudança de perfil [na carteira], com crescimento de pessoa física. Mas a partir de agosto já sentimos uma estabilização na inadimplência. E agora notamos uma pequena redução", disse o presidente do Bradesco.


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