São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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Itaú bate Bradesco e lucra R$ 6,4 bi

Banco atribui resultado recorde à expansão do crédito para pessoa física e à queda na inadimplência

Instituição teve perdas de R$ 64 mi em operações de tesouraria decorrentes da instabilidade no mercado no terceiro trimestre de 2007

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O banco Itaú acumulou lucro líquido de R$ 6,444 bilhões de janeiro a setembro deste ano, resultado superior aos R$ 5,817 bilhões apurados pelos Bradesco no mesmo período, até então o maior do sistema financeiro.
Segundo Silvio Carvalho, diretor-executivo de Controladoria do Itaú, o resultado se deve ao crescimento das operações de crédito, especialmente para pessoa física, aliado a uma diminuição da inadimplência, que caiu de 5,1% para 4,7%.
O lucro acumulado pelo Itaú no ano é 112% maior do que o registrado no mesmo período de 2006. O resultado no ano inclui ganhos extraordinários de R$ 1,020 bilhão com a venda da participação na Redecard, de R$ 490 milhões com a Serasa e de R$ 75 bilhões obtidos no leilão da antiga sede do BankBoston. Sem esses ganhos, o crescimento seria de 60,4%.
O banco terá um ganho de mais R$ 239 milhões com a oferta de ações da Bovespa no quarto trimestre. No terceiro trimestre, o banco teve lucro de R$ 2,427 bilhões, resultado 14,8% maior do que os R$ 2,114 bilhões do segundo trimestre.
Em apenas nove meses, o lucro do Itaú já superou, inclusive, todos os resultados anuais já alcançados pelos bancos no país, segundo levantamento da consultoria Economática. Até então, o maior resultado (ajustado pelo IPCA) havia sido de R$ 6,224 bilhões, obtidos pelo Banco do Brasil, em 2006.
O banco Itaú teve perdas de R$ 64 milhões no terceiro trimestre em operações de Tesouraria decorrentes da crise nos mercados. No mesmo período do ano passado, o banco teve ganhos de R$ 149 milhões. As perdas foram compensadas pelo ganho de R$ 253 milhões com o câmbio no período.
Para Silvio Carvalho, o impacto das perdas no atacado é "irrelevante" no resultado do banco. No acumulado dos primeiros nove meses de 2007, as operações de tesouraria somaram ganhos de R$ 875 milhões, contra R$ 627 milhões no mesmo período de 2006.
"Tesouraria é volátil mesmo. Ganhamos bastante no primeiro semestre e agora perdemos um pouquinho. A crise surpreende e se mostra mais forte do que se esperava, com impactos no mercado difícil de medir, que aparecerão ainda no quarto trimestre", disse Carvalho.
A carteira de crédito cresceu 26,9% e atingiu R$ 114 bilhões de setembro do ano passado a setembro deste ano, acima da média de 20% do restante do mercado. Sozinha, a carteira do segmento de pessoa física cresceu 31,3% no período, se forem excluídas as operações direcionadas e fora do país.
No período, o destaque ficou para o crescimento de 41,9% no financiamento e leasing de veículos. As operações de crédito do Itaú permitiram um resultado bruto de intermediação financeira de R$ 11,346 bilhões de janeiro a setembro -um crescimento de 23,3% em relação a 2006.
Apenas a receita com a prestação de serviços, que inclui tarifas bancárias, bateu em R$ 7,051 bilhões, mais do que suficiente para cobrir os gastos de R$ 3,966 bilhões com a folha de pagamento no período.
O banco, no entanto, ressalta que a receita com serviços cresceu 12,9% -abaixo do ritmo de expansão de sua receita com crédito. "Em setembro, reduzimos em até 12% o valor das tarifas. A redução foi bem recebida nas pesquisas de mercado."
O executivo preferiu não comentar o acirramento da concorrência no setor, após a compra do banco Real pelo Santander. "Estamos tocando nossa vida, focados no negócio e na situação ímpar do [crédito no] Brasil", disse Carvalho.


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