São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Empresários e trabalhadores esperavam mais

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de reconhecerem o esforço do governo em adotar medidas para suprir a escassez de crédito, representantes da indústria e dos trabalhadores as classificaram como paliativas e tímidas para combater os impactos da crise financeira mundial no Brasil.
Autor da proposta de alongar o prazo de pagamento dos tributos federais, Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), afirma que o governo poderia ter oferecido mais alguns dias para os empresários.
Para Monteiro, a data de pagamento do PIS/Cofins poderia ser o último dia do mês, já que para esse imposto o prazo foi estendido em apenas cinco dias. Ele admite que não será possível postergar o pagamento para o mês seguinte, sob pena de reduzir a receita do governo neste fim de ano e, conseqüentemente, prejudicar o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida).
"O alívio ao caixa das empresas é fundamental. O governo age de forma certa ao adotar medidas que permitam mais capital de giro e crédito. Mas a eficiência [das medidas] dependerá da intensidade da recessão mundial e de como chegará ao Brasil", diz Sergio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP.
Para o Dieese, as medidas estão corretas porque visam preservar o nível de atividade econômica. "Mas é preciso que o sistema financeiro volte a irrigar rapidamente a economia real com crédito. Para sustentar o emprego e a renda, o mercado interno precisa de crédito", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), afirma que não adianta o governo disponibilizar bilhões para as empresas se não baixar as taxas de juros. "O que o governo anunciou até agora é uma gota em um oceano."
Para Fábio Romão, economista da LCA, ao facilitar e aumentar os recursos para as empresas, o governo demonstra confiança no crescimento do país e dá sinais positivos para os que frearam investimentos. "Essa sinalização vem no sentido de evitar demissões e outras medidas que possam ter impacto negativo no emprego."
O empresário Abílio Diniz, da rede de supermercados Pão de Açúcar, elogiou o governo. "No auge da crise, é preciso serenidade e acho que isso não tem faltado ao governo. Com tudo o que está sendo feito pelo governo, eu tenho orgulho de ser brasileiro." Paulo Godoy, presidente da Abdib (indústria de base), foi menos enfático, mas discursou na mesma linha. "É hora de cada um fazer a sua parte. Foi dada uma sinalização pelo ministro Guido Mantega de corte [no Orçamento]. Mas é preciso trabalhar para combater a burocracia e o anacronismo da legislação."


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