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Empresários e trabalhadores esperavam mais
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de reconhecerem o
esforço do governo em adotar
medidas para suprir a escassez
de crédito, representantes da
indústria e dos trabalhadores
as classificaram como paliativas e tímidas para combater os
impactos da crise financeira
mundial no Brasil.
Autor da proposta de alongar
o prazo de pagamento dos tributos federais, Armando Monteiro Neto, presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), afirma que o governo
poderia ter oferecido mais alguns dias para os empresários.
Para Monteiro, a data de pagamento do PIS/Cofins poderia ser o último dia do mês, já
que para esse imposto o prazo
foi estendido em apenas cinco
dias. Ele admite que não será
possível postergar o pagamento para o mês seguinte, sob pena de reduzir a receita do governo neste fim de ano e, conseqüentemente, prejudicar o
superávit primário (economia
para pagar os juros da dívida).
"O alívio ao caixa das empresas é fundamental. O governo
age de forma certa ao adotar
medidas que permitam mais
capital de giro e crédito. Mas a
eficiência [das medidas] dependerá da intensidade da recessão mundial e de como chegará ao Brasil", diz Sergio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP.
Para o Dieese, as medidas estão corretas porque visam preservar o nível de atividade econômica. "Mas é preciso que o
sistema financeiro volte a irrigar rapidamente a economia
real com crédito. Para sustentar o emprego e a renda, o mercado interno precisa de crédito", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
Wagner Gomes, presidente
da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), afirma que não adianta o
governo disponibilizar bilhões
para as empresas se não baixar
as taxas de juros. "O que o governo anunciou até agora é
uma gota em um oceano."
Para Fábio Romão, economista da LCA, ao facilitar e aumentar os recursos para as empresas, o governo demonstra
confiança no crescimento do
país e dá sinais positivos para
os que frearam investimentos.
"Essa sinalização vem no sentido de evitar demissões e outras
medidas que possam ter impacto negativo no emprego."
O empresário Abílio Diniz,
da rede de supermercados Pão
de Açúcar, elogiou o governo.
"No auge da crise, é preciso serenidade e acho que isso não
tem faltado ao governo. Com
tudo o que está sendo feito pelo
governo, eu tenho orgulho de
ser brasileiro." Paulo Godoy,
presidente da Abdib (indústria
de base), foi menos enfático,
mas discursou na mesma linha.
"É hora de cada um fazer a sua
parte. Foi dada uma sinalização
pelo ministro Guido Mantega
de corte [no Orçamento]. Mas é
preciso trabalhar para combater a burocracia e o anacronismo da legislação."
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