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Lula volta a cobrar dos bancos mais concessão de empréstimos
Para presidente, "não há explicação" para retração aguda do crédito no país
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem dos
bancos concessão de mais linhas de crédito aos consumidores. Segundo ele, não há razão
para que não sejam autorizados
empréstimos já que 80% de todo o crédito do país é captado
internamente, sem depender
do mercado de crédito externo.
"Parece-me que a falta de
crédito é maior do que deveria
ser, e não há nenhuma explicação para isso." Em seguida,
olhou para o presidente da Febraban (Federação Brasileira
de Bancos), Fabio Barbosa, e
disparou: "Fabio, pede para os
bancos liberarem o crédito".
Lula afirmou que o governo
tomou medidas imediatas após
a eclosão da crise e que determinou ao ministro Guido Mantega (Fazenda) que crie grupo
de trabalho para agilizar o repasse pelos bancos federais.
"Quando não estamos vivendo processo de normalidade,
temos que colocar mais óleo na
máquina para ela fluir com
mais de liquidez. Neste momento, o prazo tem importância extraordinária. Se alguém
precisa de R$ 10 mil para pagar
o 13º salário, não adianta receber o dinheiro em 60 dias."
Os empresários membros do
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social reclamaram da demora na liberação de
crédito pelos bancos, o que levou Lula a reagir pedindo a
Mantega mais agilidade.
O presidente disse que, "diferentemente do que alguns querem", o Brasil "não quebrou
nem vai quebrar". E criticou os
que condenam seu discurso de
otimismo. "Se o presidente não
for otimista, quem será? Se um
pai não é capaz de garantir que
vai ter pão no café da manhã,
transmitindo esperança a seus
filhos, que pai é este?"
Lula disse que o país deve se
preparar para crescer ao final
da crise. "Enquanto os outros
estavam como cigarra cantarolando, estávamos como formiguinhas fazendo reservas. E é
nessa hora que temos que preparar o país para quando não
houver mais a crise, pois quem
estiver mais bem preparado sai
na frente", enfatizou
Lula apelou para que o consumidor não se contamine pelo
pânico e compre o que quiser.
Ao elencar uma série de bens
de consumo, acabou citando a
compra de um sutiã. "Se, por
medo, as pessoas deixarem de
comprar suas casas, de trocar
de televisão, de comprar o primeiro sutiã, aí será um problema", disse. Ao se dar conta,
constrangido, Lula disse que
estava pensando em um antigo
comercial de TV.
Ele ressaltou que é preciso
conter o medo porque ele traz a
ameaça de demissões.
E voltou a criticar as empresas que se expuseram a contratos cambiais de alto risco e tiveram perdas bilionárias com a
valorização do dólar. Em tom
de repreensão, disse que "agiram como adolescentes."
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