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Expectativa de venda faz ação da Nossa Caixa subir até 13%
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
As ações da Nossa Caixa dispararam ontem 13,06% com a
expectativa de anúncio da venda para o Banco do Brasil. A
percepção do mercado é que
sem a edição da MP 443 -que
autorizou o BB e a Caixa Econômica Federal a comprarem
outros bancos- a negociação
seria inviabilizada e a Nossa
Caixa teria de ir a leilão, ficando
nas mãos do setor privado.
Anteontem, a Folha mostrou que o governador José
Serra (PSDB) chegou a um entendimento com o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, para
que o negócio saia por cerca de
R$ 6,4 bilhões. O valor deve ser
ajustado e depende de aprovação do presidente Lula.
Só nos últimos 30 dias, os papéis da Nossa Caixa já subiram
41,07% -no mesmo período, o
Ibovespa teve baixa de 13,63%.
Ontem, as ações do BB recuaram 6,54% com a previsão de
alto desembolso do banco.
Segundo João Augusto Sal
les, analista da Lopes Filho, o
mercado procurou ontem se
ajustar à avaliação esperada
para a Nossa Caixa. "O valor é
factível e remete a uma relação
consistente com o valor patrimonial. Não pode sair nem por
muito mais nem por menos."
Segundo a Folha apurou, depois de um longo processo de
análise jurídica, o governo não
encontrou alternativas para
permitir que o BB comprasse a
Nossa Caixa sem uma mudança na lei. O modelo de incorporação, utilizado até então, previa a troca de ações da Nossa
Caixa por papéis do BB, mas o
governo paulista teria de vendê-los para fazer dinheiro. A
cúpula do BB avaliou que isso
era ruim por dois motivos: 1) a
crise inviabilizou completamente a negociação sobre um
preço que agradasse a Serra e
também fosse bom para o governo federal; e 2) era preciso
criar um mecanismo que garantisse ao governo paulista
preço fixo para as ações. Com
isso, ele não precisaria vender
todas de uma única vez para
não desvalorizar os papéis.
A estratégia que chegou a ser
discutida previa que as ações
seriam transformadas em reais
ao longo de dois anos. Para isso,
o BB usaria de uma engenharia
financeira que custaria caro.
O formato da operação reduziu o preço que o BB estava disposto a pagar e José Serra não
gostou. Diante do impasse, a
MP 443 veio como salvação. A
discussão no governo, agora, é
se o anúncio da conclusão da
negociação criará algum ruído
para a tramitação da MP.
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