São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Expectativa de venda faz ação da Nossa Caixa subir até 13%

SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Nossa Caixa dispararam ontem 13,06% com a expectativa de anúncio da venda para o Banco do Brasil. A percepção do mercado é que sem a edição da MP 443 -que autorizou o BB e a Caixa Econômica Federal a comprarem outros bancos- a negociação seria inviabilizada e a Nossa Caixa teria de ir a leilão, ficando nas mãos do setor privado.
Anteontem, a Folha mostrou que o governador José Serra (PSDB) chegou a um entendimento com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que o negócio saia por cerca de R$ 6,4 bilhões. O valor deve ser ajustado e depende de aprovação do presidente Lula.
Só nos últimos 30 dias, os papéis da Nossa Caixa já subiram 41,07% -no mesmo período, o Ibovespa teve baixa de 13,63%. Ontem, as ações do BB recuaram 6,54% com a previsão de alto desembolso do banco.
Segundo João Augusto Sal les, analista da Lopes Filho, o mercado procurou ontem se ajustar à avaliação esperada para a Nossa Caixa. "O valor é factível e remete a uma relação consistente com o valor patrimonial. Não pode sair nem por muito mais nem por menos."
Segundo a Folha apurou, depois de um longo processo de análise jurídica, o governo não encontrou alternativas para permitir que o BB comprasse a Nossa Caixa sem uma mudança na lei. O modelo de incorporação, utilizado até então, previa a troca de ações da Nossa Caixa por papéis do BB, mas o governo paulista teria de vendê-los para fazer dinheiro. A cúpula do BB avaliou que isso era ruim por dois motivos: 1) a crise inviabilizou completamente a negociação sobre um preço que agradasse a Serra e também fosse bom para o governo federal; e 2) era preciso criar um mecanismo que garantisse ao governo paulista preço fixo para as ações. Com isso, ele não precisaria vender todas de uma única vez para não desvalorizar os papéis.
A estratégia que chegou a ser discutida previa que as ações seriam transformadas em reais ao longo de dois anos. Para isso, o BB usaria de uma engenharia financeira que custaria caro.
O formato da operação reduziu o preço que o BB estava disposto a pagar e José Serra não gostou. Diante do impasse, a MP 443 veio como salvação. A discussão no governo, agora, é se o anúncio da conclusão da negociação criará algum ruído para a tramitação da MP.


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