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Governo limita tarifas de bancos e eleva regulação
Pacote, que não tem medidas punitivas, reduz de 55 para 20 número de tarifas
Para analista, mudanças só trarão redução de custo com ação vigilante de clientes; ganho das instituições com tarifas subiu 17% neste ano
Jamil Bittar/Reuters
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Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (BC) anunciam regras |
SHEILA D'AMORIM
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As medidas adotadas pelo governo para regular a cobrança
de tarifas bancárias ampliaram
de cinco para oito os serviços
obrigatoriamente gratuitos, reduziram de 55 para 20 a quantidade de tarifas cobradas das
pessoas físicas, determinaram
que essas tarifas ficarão congeladas por um prazo mínimo de
seis meses após cada reajuste e
estabeleceram regra para as
quitações antecipadas de empréstimos. Além disso, criam
um extrato anual explicitando
o gasto mensal com tarifas.
A Folha antecipou, em setembro, os estudos do governo
sobre o tema. Das mudanças
aprovadas ontem pelo CMN
(Conselho Monetário Nacional), só a que regulamenta a liquidação dos empréstimos antes do final do contrato entrará
em vigor imediatamente, mas
valendo só para os novos financiamentos. As demais serão
implementadas a partir de 30
de abril, e o extrato anual só começará a ser enviado aos clientes no início de 2009.
O governo aposta na indignação dos consumidores como a
principal arma contra cobranças consideradas abusivas por
parte dos bancos. Depois de
três meses de discussão, as medidas anunciadas deixaram de
lado o caráter punitivo que predominava nos discursos oficiais quando do lançamento da
proposta e transferiram aos
clientes a responsabilidade de
comparar os valores pagos com
tarifas, reclamar e buscar outras instituições com custos
menores.
"Notamos uma dificuldade
dos clientes em saber exatamente o que estão pagando pelos serviços prestados pelos
bancos", disse o ministro da
Fazenda, Guido Mantega.
Com isso, são poucas as proibições impostas aos bancos e,
ainda assim, algumas das efetuadas foram negociadas com
as instituições financeiras. É o
caso do congelamento temporário das tarifas. Os reajustes
dos valores cobrados deverão
obedecer a um intervalo de seis
meses. A medida começará a
valer a partir de 30 de abril do
ano que vem e está em linha
com o que os bancos já praticam hoje. Até lá, os bancos estão liberados para promover
aumentos, mas o diretor de
Normas do Banco Central, Alexandre Tombini, diz acreditar
que isso não deverá acontecer.
Para Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em
Administração), o impacto que
as medidas podem ter vai depender da ação dos consumidores. "A partir da reação dos
clientes é que os bancos irão ou
não tomar atitudes mais drásticas de redução de tarifas. Dificilmente isso irá afetar a rentabilidade dos bancos."
Entre janeiro e setembro
deste ano, os bancos faturaram
R$ 40,8 bilhões com a cobrança
de tarifas, segundo o BC, alta de
17% sobre mesmo período de
2006. A Febraban diz que o aumento nessas receitas reflete a
expansão da base de clientes e a
maior variedade dos serviços
oferecidos. A entidade afirma
ainda que as medidas anunciadas ontem são "importantes e
coerentes" e "contribuem para
maior transparência, comparabilidade e informação para os
clientes dos bancos".
A relação dos itens obrigatoriamente gratuitos subiu de
cinco para oito, mas inclui alguns serviços que já não eram
cobrados por boa parte dos
bancos, como a realização de
até quatro saques por mês,
consultas pela internet e compensação de cheques -algumas instituições cobravam pela compensação de cheques de
baixo valor, o que agora também será proibido.
Para facilitar a comparação
entre bancos, o CMN -formado por Mantega, Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique
Meirelles (Banco Central)-
determinou que, a partir de
maio, as 55 tarifas classificadas
como prioritárias e que incidem sobre contas de pessoas físicas sejam reduzidas para 20,
e os nomes, padronizados. A
criação de novas tarifas não está proibida, mas precisará de
autorização do BC.
O total de tarifas existentes
no mercado, no entanto, será
maior que 20 porque a regulamentação não abrange a cobrança de serviços classificados pelo governo como diferenciados (entregas em domicílio e aluguel de cofre) e especiais (empréstimos do Sistema
Financeiro de Habitação, crédito rural, microcrédito, que já
têm regulamentação própria).
Já os serviços essenciais, que
incluem depósitos à vista ou
em poupança e fornecimento
de cartão de débito, não estarão sujeitos a tarifas.
O banco também poderá cobrar por cheques devolvidos.
Nesse caso, a justificativa do
governo é que a cobrança não
se refere a uma tarifa propriamente dita, mas a um "ressarcimento de custos" que as instituições financeiras têm para
processar esses cheques.
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