São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Crise deixa comércio cauteloso com vendas de fim de ano

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise financeira global deixou os lojistas inseguros em relação ao consumo para este Natal. Nos primeiros dias deste mês, as vendas estão no mesmo ritmo das de dezembro de 2007, segundo levantamento preliminar da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
"Aparentemente, as vendas neste mês estão no mesmo ritmo das de novembro e empatadas com as de igual período de 2007", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP. Em novembro, as consultas ao SPC, indicador das vendas a prazo, subiram 1,4% sobre igual mês de 2007 e, as consultas ao Usecheque, termômetro das vendas à vista, caíram 0,8%, no período.
Segundo a ACSP, os centros comerciais e as ruas de lojas populares estão cheias -os lojistas da rua 25 de Março, em São Paulo, prevêem vender 10% mais neste mês sobre dezembro de 2007. As lojas de carros e eletrodomésticos, que dependem de financiamento, estão mais vazias. "Na média, o ritmo do comércio está parecido com o do ano passado", diz Alfieri.
Consulta da Fecomercio SP a 60 empresários do setor de comércio no final de novembro mostra que 60% sentiram o efeito da crise nos seus negócios. Ao serem questionados sobre qual seria o impacto no país, 78,38% apontaram queda no ritmo de vendas. Mencionaram ainda alta dos preços dos fornecedores e menos crédito.
Quanto à previsão de vendas para o Natal, 41,94% dos empresários ouvidos disseram que as vendas devem ser menores; 32,26%, iguais e, 22,58%, maiores. "Os setores que dependem de crédito já sentem o efeito da crise e, com tantas notícias ruins, como queda na produção e vendas de carros, e aumento do desemprego, as perspectivas ficam mais pessimistas", afirma Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio SP.
Os lojistas de shoppings estimam crescimento de faturamento da ordem de 7% a 8%, em média, neste mês em relação a dezembro do ano passado, conforme levantamento da Alshop (associação que reúne lojistas de shoppings).
Antes da crise, porém, a expectativa dos empresários era crescer mais sobre 2007. "Quem previa faturar 10% a 12% mais fala agora em 5% a 6%. Mas, por enquanto, ninguém prevê queda de faturamento sobre o ano passado. E crescer sobre 2007 é bom, já que significa expandir sobre uma boa base", afirma Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.
Para o professor Claudio Felisoni de Ângelo, coordenador do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração), as vendas neste ano devem ter crescimento pequeno em relação ao ano passado. "Com os juros mais elevados e prazos menores, as vendas em dezembro devem ser mais fracas do que o esperado."
As vendas nas 36 lojas de brinquedos PBKids foram 1% maior no último final de semana de novembro comparado ao mesmo período de 2007.
"O consumidor só começou agora a entrar no ritmo de Natal. E ele pode cortar a compra de uma geladeira, de um carro, mas não de um brinquedo", afirma Celso Pilnik, diretor comercial da PBKids.


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