São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Preços de artigos sofisticados despencam nos EUA e põem margem de lucro em xeque

GUY TREBAY
DO "NEW YORK TIMES"

Numa ação que deixou consternada a concorrência na Quinta Avenida, em Nova York, a loja de luxo Saks ofereceu a maior parte de seus acessórios e roupas de outono com descontos de até 70% no fim de semana do Dia de Ação de Graças, atingindo preços tão baixos que representam um limbo.
Não é novidade que as lojas reduzam seus preços na temporada de compras do fim de ano, mas poucos que trabalham no comércio de luxo se recordam de um ano em que as liquidações tenham começado tão cedo ou tenham sido tão grandes. Ao cortar os preços de maneira tão radical, Ron Frasch, da Saks, converteu a loja principal de sua cadeia numa versão elegante na Quinta Avenida de uma loja barata de descontos, assustando a concorrência, que se esforça para seguir uma seqüência tradicional de abatimento de preços.
Até consumidores calejados em procurar pechinchas se espantaram ao ver roupas de grifes oferecidas a preços bons demais para ser verdade. Será que o consumidor estava lendo corretamente a etiqueta de US$ 329 num blazer masculino de cashmere da italiana Loro Piana, um artigo que normalmente custa US$ 2.000 ou mais? Falando reservadamente, a maioria dos varejistas admite que está assustada com a gravidade da recessão e que está fazendo o que é preciso para salvar suas vidas comerciais.
As margens de otimismo são pequenas. Um relatório divulgado na terça-feira pela MasterCard Advisors indicou que as vendas de artigos de luxo tiveram queda de 24,4% em novembro, comparadas às do mesmo mês do ano passado. "É doloroso", comentou Linda Fargo, diretora de moda feminina da Bergdorf Goodman. O que parece inevitável é que a dor vai se intensificar, à medida que as reduções de preços levam clientes a indagar quão estratosféricos deveriam ser os lucros anteriormente, na época em que a economia estava em alta. Quanto os consumidores pagavam a mais para participar da fantasia da moda?
Essa pergunta suscita outra: agora que os consumidores estão tendo contato com os preços descontados ao máximo, como poderá a moda das grifes reconquistar sua mística? Será que algum dia as pessoas vão concordar em pagar os preços normais por produtos de luxo?


Tradução de CLARA ALLAIN


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