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Companhias de tecnologia faturam mais com a crise
Negócios do setor ganham força porque, para cortar custos, empresários terceirizam a infra-estrutura e os serviços
Setor prevê crescimento entre 15% e 25% em 2008; contratos antigos não foram cancelados e propostas de três meses foram fechadas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise passa longe do horizonte das companhias de tecnologia que vendem serviços de
armazenamento de dados. Conhecidas genericamente como
data center, elas também oferecem serviços mais sofisticados,
que podem praticamente substituir todo o departamento de
TI (tecnologia da informação)
das empresas.
Em tempos de escassez de financiamento, essas companhias estão atraindo mais
clientes, fechando novos contratos, investindo na construção de novos prédios e na contratação de funcionários e prevendo crescimento que varia de
15% a 25% neste ano.
A Locaweb é uma delas. Com
menos dinheiro na praça, muitas empresas decidiram terceirizar sua área de TI como forma
de cortar custos. Em vez de retirarem dinheiro do caixa e
imobilizá-lo em máquinas e
equipamentos, além de funcionários, elas preferiram pagar
um aluguel à Locaweb. Na prática, ela arca com esses investimentos e cobra pela prestação
dos serviços de tecnologia que
vão desde o simples armazenamento de dados até a manutenção de um site de venda.
O coração da Locaweb e de
suas concorrentes é o data center, um local com milhares de
servidores interconectados.
Esses equipamentos são computadores ultrapotentes, cuja
memória é fracionada para alojar os clientes que passam a
acessá-los a partir de um link
exclusivo de internet protegido
por códigos de segurança.
Segundo Fernando Zangrande, gerente de desenvolvimento da divisão de data center da
Locaweb, há dois anos, eles
operavam com apenas 600 servidores. "Hoje já temos 3.000
máquinas e estamos investindo
na construção de outro data
center oito vezes maior," diz.
A maior parte dessa expansão é resultado do interesse de
pequenas e médias empresas
que, em geral, não têm recursos
para manter uma estrutura
própria de TI. Com a crise,
grandes empresas também se
tornaram clientes.
Na Telefônica, que atende
grandes corporações, a demanda cresce tanto que haverá expansão de 30% do data center
nos próximos meses. Os números de servidores não foram revelados porque a empresa considera a informação sigilosa.
"Nenhum contrato foi cancelado", diz Vladimir Barbieri, vice-presidente do segmento
Empresas da Telefônica. Até
setembro deste ano, o faturamento da Telefônica foi de cerca de R$ 1,2 bilhão. Barbieri
acredita que fechará o ano com
um crescimento de, no mínimo, 15%. Esse índice é superior
aos 10% do ano anterior.
Motivos
A expansão desse setor também se explica pela dependência das empresas por tecnologia. Afinal, hoje todos os sistemas estão interconectados e
muitas operações entre comerciantes e fornecedores ocorrem
por meio da internet.
Na Pizza Hut da Grande São
Paulo, por exemplo, as 17 lojas
têm de ficar conectadas praticamente em tempo integral. A
contratação da Picture Soluções em TI gerou economia, já
que o grupo não precisou desembolsar com servidores,
softwares e mais funcionários.
Segundo Roque Abdo, diretor de negócios da Picture, situações como essas estão trazendo mais clientes. Com a crise, a procura aumentou mais.
"Estamos batendo recordes
mensais. Em novembro desse
ano, o nosso desempenho foi
60% maior que o do mesmo
mês do ano passado," diz.
Abdo afirma que nenhum
contrato foi cancelado e que as
propostas encaminhadas há
três meses foram fechadas. "É
difícil não ser otimista. Não sinto a crise até porque eu sou parte da solução."
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