São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Companhias de tecnologia faturam mais com a crise

Negócios do setor ganham força porque, para cortar custos, empresários terceirizam a infra-estrutura e os serviços

Setor prevê crescimento entre 15% e 25% em 2008; contratos antigos não foram cancelados e propostas de três meses foram fechadas


JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise passa longe do horizonte das companhias de tecnologia que vendem serviços de armazenamento de dados. Conhecidas genericamente como data center, elas também oferecem serviços mais sofisticados, que podem praticamente substituir todo o departamento de TI (tecnologia da informação) das empresas.
Em tempos de escassez de financiamento, essas companhias estão atraindo mais clientes, fechando novos contratos, investindo na construção de novos prédios e na contratação de funcionários e prevendo crescimento que varia de 15% a 25% neste ano.
A Locaweb é uma delas. Com menos dinheiro na praça, muitas empresas decidiram terceirizar sua área de TI como forma de cortar custos. Em vez de retirarem dinheiro do caixa e imobilizá-lo em máquinas e equipamentos, além de funcionários, elas preferiram pagar um aluguel à Locaweb. Na prática, ela arca com esses investimentos e cobra pela prestação dos serviços de tecnologia que vão desde o simples armazenamento de dados até a manutenção de um site de venda.
O coração da Locaweb e de suas concorrentes é o data center, um local com milhares de servidores interconectados. Esses equipamentos são computadores ultrapotentes, cuja memória é fracionada para alojar os clientes que passam a acessá-los a partir de um link exclusivo de internet protegido por códigos de segurança.
Segundo Fernando Zangrande, gerente de desenvolvimento da divisão de data center da Locaweb, há dois anos, eles operavam com apenas 600 servidores. "Hoje já temos 3.000 máquinas e estamos investindo na construção de outro data center oito vezes maior," diz.
A maior parte dessa expansão é resultado do interesse de pequenas e médias empresas que, em geral, não têm recursos para manter uma estrutura própria de TI. Com a crise, grandes empresas também se tornaram clientes.
Na Telefônica, que atende grandes corporações, a demanda cresce tanto que haverá expansão de 30% do data center nos próximos meses. Os números de servidores não foram revelados porque a empresa considera a informação sigilosa.
"Nenhum contrato foi cancelado", diz Vladimir Barbieri, vice-presidente do segmento Empresas da Telefônica. Até setembro deste ano, o faturamento da Telefônica foi de cerca de R$ 1,2 bilhão. Barbieri acredita que fechará o ano com um crescimento de, no mínimo, 15%. Esse índice é superior aos 10% do ano anterior.

Motivos
A expansão desse setor também se explica pela dependência das empresas por tecnologia. Afinal, hoje todos os sistemas estão interconectados e muitas operações entre comerciantes e fornecedores ocorrem por meio da internet.
Na Pizza Hut da Grande São Paulo, por exemplo, as 17 lojas têm de ficar conectadas praticamente em tempo integral. A contratação da Picture Soluções em TI gerou economia, já que o grupo não precisou desembolsar com servidores, softwares e mais funcionários.
Segundo Roque Abdo, diretor de negócios da Picture, situações como essas estão trazendo mais clientes. Com a crise, a procura aumentou mais. "Estamos batendo recordes mensais. Em novembro desse ano, o nosso desempenho foi 60% maior que o do mesmo mês do ano passado," diz.
Abdo afirma que nenhum contrato foi cancelado e que as propostas encaminhadas há três meses foram fechadas. "É difícil não ser otimista. Não sinto a crise até porque eu sou parte da solução."


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