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MERCADO FINANCEIRO
Ministro nega "curto-circuito" no governo e anuncia que ajuste fiscal irá continuar neste e nos próximos anos
"Não podemos inventar câmbio", diz Palocci
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem que as
compras de dólares do Banco
Central poderão afetar a cotação
da moeda americana, mas que isso seria um efeito secundário e
que não haverá mudanças na política cambial.
"As políticas têm efeitos. Nós
não pretendemos revogar a lei da
oferta e da procura", afirmou.
Anteontem, o BC anunciou que
irá comprar dólares no mercado
para recompor as reservas cambiais. O volume de compras não
foi revelado. Palocci disse que a
intenção do BC não é intervir na
cotação do dólar -ontem, a
moeda americana fechou em queda de 0,28%, a R$ 2,86.
Palocci falou em um intervalo
da primeira reunião da Câmara
de Política Econômica deste ano,
cujos enfoques principais foram
as perspectivas de crescimento
econômico e geração de emprego
em 2004. A reunião durou quase
oito horas e teve a presença do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de dez ministros e do presidente do BC, Henrique Meirelles.
Palocci afirmou que o dólar esteve em um nível "confortável"
durante o ano passado e que isso
pode ser medido pelo saldo da balança comercial no final de 2003,
de US$ 24,8 bilhões. "Não podemos inventar câmbio para a exportação, isso não ajuda o Brasil."
O ministro contou que o clima
da reunião foi de muito otimismo
em relação a 2004. Segundo ele,
haverá continuidade da política
econômica pois não existem dúvidas no governo sobre a necessidade do ajuste fiscal atual. Palocci
disse que não há crescimento econômico com inflação alta nem
com dívida pública insustentável.
"O comportamento fiscal que nós
tivemos no ano passado vai continuar neste e nos próximos anos.
O olhar permanente de que o governo tem de manter a inflação
sob controle, no sentido de melhorar o perfil dos nossos compromissos de dívida, é um objetivo permanente que o presidente
Lula reafirmou na reunião."
Em outro momento, Palocci
disse que a população brasileira já
compreendeu a necessidade do
ajuste. Esse é um assunto, segundo ele, "transitado em julgado". A
expressão jurídica se refere aos
processos sob os quais não existe
mais recurso.
Palocci afirmou que o comportamento do governo não vai mudar por causa das eleições municipais deste ano: "O país não vai dar
uma ajeitada nas contas para dar
uma melhorada de curto prazo
em função de uma ou outra eleição. O Brasil já tem consolidado
que equilíbrio fiscal é uma posição de um país e não apenas de
um ministro".
Depois de falar da importância
de uma regulação eficiente dos
mercados para a credibilidade do
país, Palocci comentou a saída de
Luiz Guilherme Schymura da presidência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e
disse que o governo não fez nada
em desacordo com as regras.
"Não se mudaram normas, portanto eu acho que não há elementos de distúrbio, curto-circuito ou
ruído que possam provocar efeitos negativos sobre essa área."
Sobre a carga tributária brasileira, Palocci disse que houve uma
leve queda em 2003. "A longo prazo, vamos buscar a redução da
carga. A curto prazo, vamos melhorar a qualidade dos impostos
de forma a estimular a produção."
O ministro lembrou, porém,
que já existe o compromisso do
governo de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados incidente sobre máquinas e equipamentos. Além de Palocci, também fizeram exposições na reunião o presidente do BC e os ministros Guido Mantega (Planejamento), Roberto Rodrigues
(Agricultura) e Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento).
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