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VÔO DA ÁGUIA
Para instituição, déficit preocupa e é necessário cortar gastos públicos
FMI critica corte de impostos de Bush
ALAN BEATTIE
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON
Os cortes de impostos aprovados pelos EUA em 2003 pouco farão para melhorar a eficiência da
economia do país, ao contrário do
que alegou o presidente George
W. Bush, segundo um estudo do
FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado ontem.
O relatório, que acrescenta que
os efeitos de longo prazo do corte
de impostos gerarão déficit ainda
maior para o governo federal norte-americano, reforça o alerta para que os EUA coloquem suas
contas públicas em ordem, por
meio de alguma combinação de
aumentos de impostos e de cortes
de gastos, para devolver o orçamento a uma posição sustentável.
O governo Bush vem alegando
que os cortes de impostos, que reduziram a tributação dos dividendos de ações, aumentarão a eficiência da economia e gerarão
maior crescimento, o que acarretará mais arrecadação tributária e
compensará alguns dos custos da
medida para o governo federal.
Mas o relatório do FMI coloca
em dúvida essa alegação, ao afirmar que, "embora as alíquotas de
impostos sobre os dividendos de
ações e os ganhos de capital tenham sido reduzidas, o governo
não obteve sucesso em eliminar a
dupla tributação da receita corporativa", de acordo com o Fundo.
Tampouco conseguiu, a despeito de muitas alegações em contrário, transferir o ônus tributário da
renda para o consumo. Além disso, o FMI estima que a redução
nas alíquotas do imposto de renda teria pouco efeito em termos
de incentivar mais o trabalho.
"Os modestos ganhos de eficiência que podem ser propiciados pelos cortes de impostos teriam, igualmente, de ser ponderados diante dos efeitos de um período prolongado de fraqueza na
frente fiscal", conclui o relatório.
Economistas do FMI atestaram,
em uma simulação, que cortes de
impostos podem reduzir em 0,5%
a produtividade dos EUA, a longo
prazo, ao ampliar os déficits e
causar elevação nas taxas de juros.
Os danos causados pelo déficit
fiscal norte-americano afetariam
o mundo, ao provocar aumento
nas taxas de juros no planeta.
Dívida explosiva
Os EUA estão a caminho de elevar seu passivo externo líquido a
40% de seu PIB (Produto Interno
Bruto), patamar sem precedentes
para um país industrializado desse porte. O déficit público anual
equivale a 4,5% do PIB.
Além da reforma do programa
Medicare e do Seguro Social, programas voltados aos idosos cujos
custos devem disparar nas próximas décadas, os EUA deveriam
considerar a imposição de tributos sobre o consumo de energia,
recomenda o relatório.
O governo norte-americano
vem argumentando que restringir
os gastos, e não aumentar os impostos, é a maneira de melhorar
as finanças públicas do país.
É provável que o Orçamento de
fevereiro traga nova proposta de
cortes de impostos, retomando
uma cláusula frustrada do Orçamento de 2003 para a criação de
contas de poupança e aposentadoria isentas de impostos.
Tradução de Paulo Migliacci
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