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DESVIOS DO CAPITAL
Cooperativas que fazem fornecimento à empresa se reúnem amanhã e podem suspender entregas
Parmalat diz que precisa de banco para pagar
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat do Brasil só vai pagar o que deve às cooperativas se
conseguir recursos de bancos para isso. A empresa tem débitos já
vencidos com fornecedores do
Rio de Janeiro. O presidente da
empresa, Ricardo Gonçalves, disse ontem que a companhia "tem
toda a intenção de pagar" e está
"trabalhando para isso", mas ele
condicionou esse pagamento ao
restabelecimento de linhas de crédito para a companhia, segundo a
Folha apurou.
Em reunião fechada, que durou
cerca de uma hora, realizada na
sede da empresa, em São Paulo, o
executivo ressaltou que um desses
condicionantes é a manutenção
do atual fundo de recebíveis da
companhia, criado em 2003.
Ontem, a direção da empresa no
país também condicionou o pagamento aos cooperados à obtenção de linhas de crédito no exterior. Toda essa situação gerou
mal-estar entre os participantes
da reunião ontem. Cooperativas
do Rio devem se reunir amanhã
para definir como agir a partir de
agora. Os cooperados, todos de
pequeno porte, podem cancelar o
fornecimento ao grupo.
A companhia tem acordos de
fornecimento principalmente no
Rio, Minas Gerais e Goiás.
A carteira de fundo de recebíveis é composta por contas a receber da Parmalat. Explica-se: a empresa vende mercadorias e tem de
ser paga por isso. Esse valor a receber pela venda de produtos deu
origem a um fundo com cotas que
foram vendidas para investidores
como forma de financiar o capital
de giro da empresa de alimentos.
Com a venda dessas cotas, foram captados R$ 110,5 milhões.
Nesta semana, como a Folha informou, os cotistas do fundo decidiram convocar assembléia para
o próximo dia 19 para deliberar
sobre a sua liquidação antecipada.
Anteontem, durante reunião
ocorrida em Brasília entre o ministério da Agricultura, cooperativas e a direção da empresa, executivos da Parmalat chegaram a
afirmar que a companhia vai pagar o que deve no dia 17.
O grupo no país opera no prejuízo e fatura R$ 1,6 bilhão ao ano.
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