São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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DESVIOS DO CAPITAL

Cooperativas que fazem fornecimento à empresa se reúnem amanhã e podem suspender entregas

Parmalat diz que precisa de banco para pagar

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Parmalat do Brasil só vai pagar o que deve às cooperativas se conseguir recursos de bancos para isso. A empresa tem débitos já vencidos com fornecedores do Rio de Janeiro. O presidente da empresa, Ricardo Gonçalves, disse ontem que a companhia "tem toda a intenção de pagar" e está "trabalhando para isso", mas ele condicionou esse pagamento ao restabelecimento de linhas de crédito para a companhia, segundo a Folha apurou.
Em reunião fechada, que durou cerca de uma hora, realizada na sede da empresa, em São Paulo, o executivo ressaltou que um desses condicionantes é a manutenção do atual fundo de recebíveis da companhia, criado em 2003.
Ontem, a direção da empresa no país também condicionou o pagamento aos cooperados à obtenção de linhas de crédito no exterior. Toda essa situação gerou mal-estar entre os participantes da reunião ontem. Cooperativas do Rio devem se reunir amanhã para definir como agir a partir de agora. Os cooperados, todos de pequeno porte, podem cancelar o fornecimento ao grupo.
A companhia tem acordos de fornecimento principalmente no Rio, Minas Gerais e Goiás.
A carteira de fundo de recebíveis é composta por contas a receber da Parmalat. Explica-se: a empresa vende mercadorias e tem de ser paga por isso. Esse valor a receber pela venda de produtos deu origem a um fundo com cotas que foram vendidas para investidores como forma de financiar o capital de giro da empresa de alimentos.
Com a venda dessas cotas, foram captados R$ 110,5 milhões.
Nesta semana, como a Folha informou, os cotistas do fundo decidiram convocar assembléia para o próximo dia 19 para deliberar sobre a sua liquidação antecipada. Anteontem, durante reunião ocorrida em Brasília entre o ministério da Agricultura, cooperativas e a direção da empresa, executivos da Parmalat chegaram a afirmar que a companhia vai pagar o que deve no dia 17.
O grupo no país opera no prejuízo e fatura R$ 1,6 bilhão ao ano.


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