São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

outro lado

Investimento é estratégico, diz Atlântico

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Fundação Atlântico, Fernando Pimentel, que assumiu o cargo no início do ano passado, afirmou à Folha que a compra de ações da Telemar, em 2004, justificou-se por ser estratégica para o fundo de pensão.
Segundo ele, a Atlântico quer ter um assento no conselho de administração da tele com o objetivo de influenciar na gestão da companhia e, para isso, precisa ter 10% do capital da empresa.""Queremos fiscalizar a aplicação do dinheiro que temos lá e participar das decisões", afirmou.
Com os 4% do capital da Telemar Participações comprados dos controladores em 2004 mais os 5,06% adquiridos no leilão da Telebrás, o Atlântico terá de comprar mais 0,94% do capital para participar do conselho de administração.
Segundo ele, foi também por razão estratégica que a fundação comprou ações preferenciais da LF Tel, em 2003. No caso, o objetivo era reforçar a presença no setor de telecomunicações, uma vez que a empresa é um dos acionistas controladores da Telemar. Quanto à troca das ações da LF Tel por participação acionária na La Fonte Participações, dona da LF Tel e de shoppings, disse que foi para diversificar riscos.

Liquidez
Pimentel refuta crítica dos sindicalistas de que a fundação concentrou investimentos em ações de pouca liquidez. ""Somos investidores de longo prazo. Para que nos serve liquidez diária?".
O executivo discorda do cálculo feito por analistas de que a compra das ações por R$ 356,68 milhões, em 2004, causou prejuízo ao fundo de pensão. ""O prejuízo só existiria se eu tivesse vendido as ações por preço inferior ao de compra. Mas eu não vendi. Elas continuam na carteira da fundação. Se as ações da Tele Norte Leste voltarem a subir na Bolsa, o prejuízo potencial deixa de existir", afirmou o gestor do fundo.
Pimentel disse que, se os acionistas minoritários da Telemar Participações tivessem aprovado a reestruturação societária proposta pelos controladores, o investimento feito em 2004 se tornaria lucrativo, porque as ações ordinárias em poder da Fundação Atlântico teriam se valorizadas.
A proposta foi rejeitada, no dia 15 de dezembro, e os papéis da Tele Norte Leste caíram 20% na Bovespa em um único dia.
Por causa da volatilidade de preços no mercado de ações, Pimentel defende que a carteira de ações dos fundos de pensão seja avaliada pela média dos 60 pregões anteriores. Atualmente, é feita pela cotação na Bolsa do último dia do mês.
Pimentel disse não ver conflito de interesses no fato de o fundo Atlântico investir em ações e em fundos de investimento ligados aos acionistas controladores da Telemar. Disse que as ações da AG Concessões triplicaram de valor.
Quanto às críticas do sindicato dos telefônicos de Minas sobre a devolução de R$ 153 milhões para a Telemar, em 2002, disse que a empresa tinha direito aos recursos, por ter garantido o pagamento de parte das aposentadoria dos empregados que migraram para o plano Telemar Prev.
A Folha tentou ouvir o presidente do conselho de administração da Telemar Participações, Carlos Jereissati, sobre as acusações do sindicato, mas não obteve resposta ao pedido de entrevista. Outros acionistas também foram procurados, mas afirmaram que o presidente do conselho é quem fala pela empresa.
(ELVIRA LOBATO)

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Tele recebeu R$ 153 mi do fundo em 2002
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.