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Indústria da
moda perde
R$ 6 bi ao ano
com pirataria
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A falsificação de produtos resulta em perdas da ordem de
R$ 6 bilhões ao ano para a indústria da moda, segundo cálculos da Abravest (Associação
Brasileira do Vestuário).
De acordo com o presidente
da associação, Roberto Chadad,
além da entrada de produtos
falsificados chineses, o setor
sofre com o aumento da presença de produtos falsificados
de países vizinhos, especialmente do Paraguai.
Para reduzir os efeitos da pirataria, o setor pretende criar
um selo para padronizar etiquetas, medidas e lavagens das
peças. A idéia é combater a entrada de produto falsificado por
meio de normas técnicas. "O
selo pode se tornar uma barreira técnica importante", disse.
Segundo especialistas, se de
um lado o setor sofre com a
proliferação de cópias e o conseqüente fechamento de postos
de trabalho, de outro, ainda
precisa modernizar a gestão e
se preocupar mais com a proteção de produtos.
De acordo com o Inpi (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial), a procura pelo registro de marcas e de design de
produtos ainda é mais baixa no
setor têxtil do que no de calçados. O instituto participa do
Fashion Business (8 a 11 de janeiro), evento de negócios em
paralelo ao Fashion Rio.
O instituto ressalta que o
percentual de inovação na indústria têxtil ainda é baixo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 28% das empresas de vestuário e calçados
investem em novidades.
"O setor ainda precisa distinguir o que deve ou não ser protegido por registro. Se registrar
qualquer tipo de modelo, evita
que ele se popularize e caia no
gosto do público, mas, quando
se trata de um desenho exclusivo, inovador, vale a pena registrar", disse Suzana Guimarães,
coordenadora de desenho industrial do Inpi. O processo de
registro de design industrial leva de três a seis meses.
Questionada sobre a viabilidade de se registrar um produto que pode ser deixado de lado
na próxima estação, Guimarães
argumenta que, apesar de a
moda mudar a cada temporada,
alguns modelos costumam voltar em diferentes épocas.
"Quem ia imaginar que a
Kombi duraria décadas? Se o
produto for registrado, tem
proteção garantida por 25
anos", disse.
A principal vantagem do registro, segundo Guimarães, é
conferir um preço de mercado
mais elevado para o produto.
Ela cita a Grendene, que conseguiu valor diferenciado para a
confecção de sandálias plásticas com o registro de parcerias
com outros criadores, como irmãos Campana, o estilista Alexandre Herchcovitch e o artista
plástico Romero Britto.
Segundo o instituto, no setor
têxtil, 47% das empresas inovadoras afirmam que os produtos
diferenciados representam
mais de 40% das vendas.
Guimarães disse que, no momento em que a moda brasileira começa a se expandir no exterior, com a aquisição de marcas como as do estilista Alexandre Herchcovitch, o registro
em cada país é a única maneira
de evitar cópias de produtos.
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