São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Indústria da moda perde R$ 6 bi ao ano com pirataria

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A falsificação de produtos resulta em perdas da ordem de R$ 6 bilhões ao ano para a indústria da moda, segundo cálculos da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
De acordo com o presidente da associação, Roberto Chadad, além da entrada de produtos falsificados chineses, o setor sofre com o aumento da presença de produtos falsificados de países vizinhos, especialmente do Paraguai.
Para reduzir os efeitos da pirataria, o setor pretende criar um selo para padronizar etiquetas, medidas e lavagens das peças. A idéia é combater a entrada de produto falsificado por meio de normas técnicas. "O selo pode se tornar uma barreira técnica importante", disse.
Segundo especialistas, se de um lado o setor sofre com a proliferação de cópias e o conseqüente fechamento de postos de trabalho, de outro, ainda precisa modernizar a gestão e se preocupar mais com a proteção de produtos.
De acordo com o Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), a procura pelo registro de marcas e de design de produtos ainda é mais baixa no setor têxtil do que no de calçados. O instituto participa do Fashion Business (8 a 11 de janeiro), evento de negócios em paralelo ao Fashion Rio.
O instituto ressalta que o percentual de inovação na indústria têxtil ainda é baixo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 28% das empresas de vestuário e calçados investem em novidades.
"O setor ainda precisa distinguir o que deve ou não ser protegido por registro. Se registrar qualquer tipo de modelo, evita que ele se popularize e caia no gosto do público, mas, quando se trata de um desenho exclusivo, inovador, vale a pena registrar", disse Suzana Guimarães, coordenadora de desenho industrial do Inpi. O processo de registro de design industrial leva de três a seis meses.
Questionada sobre a viabilidade de se registrar um produto que pode ser deixado de lado na próxima estação, Guimarães argumenta que, apesar de a moda mudar a cada temporada, alguns modelos costumam voltar em diferentes épocas.
"Quem ia imaginar que a Kombi duraria décadas? Se o produto for registrado, tem proteção garantida por 25 anos", disse.
A principal vantagem do registro, segundo Guimarães, é conferir um preço de mercado mais elevado para o produto. Ela cita a Grendene, que conseguiu valor diferenciado para a confecção de sandálias plásticas com o registro de parcerias com outros criadores, como irmãos Campana, o estilista Alexandre Herchcovitch e o artista plástico Romero Britto.
Segundo o instituto, no setor têxtil, 47% das empresas inovadoras afirmam que os produtos diferenciados representam mais de 40% das vendas.
Guimarães disse que, no momento em que a moda brasileira começa a se expandir no exterior, com a aquisição de marcas como as do estilista Alexandre Herchcovitch, o registro em cada país é a única maneira de evitar cópias de produtos.


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