São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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BB prepara injeção de capital no Votorantim

Negociações avançaram no final do ano, e acordo sobre venda de 49% do banco deve ser anunciado nos próximos dias

Banco do Brasil deverá ficar como minoritário no Votorantim, mas acordo de acionistas deve garantir uma gestão ativa no banco


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após quase três meses de negociações, o Banco do Brasil deve anunciar nos próximos dias a compra de 49% do Banco Votorantim, braço financeiro do grupo da família Ermírio de Moraes. O BB deve pagar até R$ 7 bilhões pela participação, devendo injetar um volume que pode chegar a R$ 6 bilhões em dinheiro novo para capitalizar o banco.
As negociações avançaram no final do ano passado, e ambos os bancos acertam agora detalhes sobre o cronograma de desembolsos. O BB também aguarda a conclusão do último balancete do Votorantim, que trará uma posição atualizada sobre a carteira de crédito e demais ativos do banco.
Motivo de resistência dentro do governo no ano passado, o controle do Votorantim deve seguir com a família Ermírio de Moraes. O Banco do Brasil, no entanto, conseguiu incluir no acordo de acionistas uma participação mais ativa, possivelmente compartilhada, na gestão do banco.
Com uma participação minoritária no Votorantim, o BB não poderá consolidar seus ativos em seu balanço -ou seja, a aquisição não muda o ranking dos maiores bancos brasileiros, que seguirá liderado por Itaú/ Unibanco, que soma R$ 575 bilhões em ativos com a fusão anunciada no final do ano passado. Se pudesse somar integralmente os ativos, o BB alcançaria R$ 594 bilhões, contando a posição do Votorantim até setembro, segundo o BC.

Carro usado
O maior interesse do BB no Votorantim é a carteira de veículos, segmento em que o banco estatal está atrasado em relação aos concorrentes privados. O Votorantim investiu pesado nos últimos anos para ganhar mercado no financiamento de automóveis, especialmente o de carros usados.
Com presença nas principais concessionárias do país, o Votorantim tinha uma carteira de R$ 17,9 bilhões em financiamento de veículos em junho. À época, os empréstimos cresciam em ritmo de 40% ao ano.
Uma das ideias em discussão é focar o financiamento de veículos na BV, a financeira do Votorantim. O negócio seguiria o modelo da parceria acertada em meados do ano passado com os sul-africanos do FirstRand, que depois foi desfeita.
Apesar de entrar com a maior parte do dinheiro na parceria com os sul-africanos, o BB permanecia como minoritário no negócio. De natureza privada, a vantagem é que o banco ganha agilidade e fica livre de limitações e amarras das instituições do setor público na tomada de decisão. O modelo foi adotado pelo BB em parcerias nas áreas de seguro e previdência.
Procurados, o BB não confirmou a negociação, e o Votorantim afirmou que não comenta rumores de mercado.
Braço financeiro do grupo industrial da família Ermírio de Moraes, o Banco Votorantim foi fundado em 1988 e figura entre as dez maiores instituições financeiras do país. O grupo está presente nos setores de cimento, metalurgia e papel e celulose.
De acordo com o BC, o Votorantim empregava em setembro 990 funcionários e tinha 16 agências em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Curitiba e Campinas. O patrimônio líquido do banco estava em R$ 6,454 bilhões em setembro.
Além do financiamento de veículos, o Votorantim também tem uma presença importante no atacado bancário e na gestão de recursos.


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