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Fundo dos EUA compra CVC por R$ 700 mi
Fundo Carlyle vê Copa, Olimpíada e emergência de classe média como principais atrativos na líder no turismo no Brasil
Comando da empresa seguirá na mão dos atuais gestores, mas a área financeira será comandada por fundo americano
Rafael Hupsel - 11.mai.09/Folha Imagem
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O presidente-executivo da CVC, Valter Patriani (à esq.), e Fernando Borges, presidente do Carlyle no Brasil, em entrevista
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
O fundo americano de participações ("private equity")
Carlyle anunciou ontem a compra da CVC, maior operadora
de turismo do Brasil. O valor
oficial da transação não foi divulgado, mas, segundo a Folha
apurou com fontes próximas à
negociação, o Carlyle pagou
cerca de R$ 700 milhões por
63,6% da companhia. A gestão
continua com o fundador Guilherme Paulus, que ficará na
presidência do Conselho de
Administração. O atual presidente-executivo, Valter Patriani, também segue no cargo.
O negócio foi fechado em dezembro e é a primeira aquisição do fundo Carlyle no Brasil.
O fundo é um dos maiores do
mundo e administra uma carteira de US$ 87,6 bilhões. Segundo Fernando Borges, presidente do Carlyle no Brasil, o
potencial de crescimento do
setor de turismo no Brasil, com
eventos como Copa do Mundo
e Olimpíada, combinado com o
posicionamento da CVC como
operadora voltada para a classe
média, foi o principal atrativo.
"A empresa tem um tamanho e uma história muito interessantes. E está em um setor
que vai mudar bastante com
Copa e Olimpíada, sobretudo
em termos de melhora de infraestrutura", disse Borges.
Com 2 milhões de pacotes
vendidos no ano passado, a
CVC detém cerca de 60% do
mercado de viagens via operadoras e agências. A operação,
diz Borges, dará musculatura
financeira para a CVC aproveitar esse potencial de crescimento do turismo no país.
Segundo Borges, serão feitos
investimentos nas áreas de tecnologia, com melhorias no site
da empresa. O fundo também
pretende estruturar a uma diretoria financeira.
Um representante do fundo
foi colocado interinamente como diretor financeiro, e a ideia
é contratar um executivo do
mercado. "A companhia já tem
uma boa gestão. Vamos dar suporte para aprimorá-la. Mas a
gestão continua com a família
Paulus", disse Borges.
A CVC não revela seu faturamento. A empresa vem crescendo a uma taxa de 20% ao
ano. De acordo com Valter Patriani, o objetivo é "dobrar de
tamanho em cinco anos".
O Carlyle planeja permanecer na companhia ao longo desse período. A intenção é preparar a empresa para a realização
de uma oferta pública de ações
(IPO) dentro de um ou dois
anos. "Como controlador, vamos esperar o momento certo.
Não queremos ver a ação da
companhia despencar 50% um
ano depois do IPO, como acontece em muitos casos", disse
Borges.
Ficaram de fora da negociação os outros negócios de Guilherme Paulus, a empresa de
aviação Webjet e a rede de hotéis e resorts GJP. Segundo
Borges, uma das razões pela
quais o fundo não se interessou
pela Webjet é o fato de que estrangeiros não podem deter o
controle de empresas aéreas no
Brasil. "As operações são totalmente independentes, a CVC
não depende da Webjet", disse.
O negócio não prevê nenhum contrato de exclusividade entre CVC e Webjet. Hoje a
CVC compra assentos e freta
aviões de todas as grandes
companhias aéreas. O maior
contrato é com a TAM, mas a
empresa faz fretamento também com Gol, Azul e a própria
Webjet.
Mais aquisições
O fundo Carlyle planeja mais
aquisições no país. "Não tenho
um orçamento nem limitação.
Tudo depende das oportunidades", diz Borges. Ele conta que
há outras negociações em andamento, mas nada para ser
anunciado no curto prazo. "Há
muitas oportunidades em setores que estão se beneficiando
do crescimento da classe média, como consumo, varejo,
educação, serviços financeiros", disse. "A gente olha caso a
caso, não importa o setor."
As negociações com a CVC
começaram em setembro de
2008. Mas a crise financeira
deixou as duas partes cautelosas, e as conversas só foram retomadas em julho passado.
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