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BNDES suspende operações com a Cosan
Restrição termina após ela sair de cadastro do Ministério do Trabalho que lista empresas que usam trabalho análogo à escravidão
Liberação de crédito de
R$ 635,7 milhões, obtido pela empresa no BNDES em junho para a construção
de uma usina, foi suspensa
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiu suspender
todas as operações com a Cosan, maior empresa brasileira
do setor sucroalcooleiro, incluída na chamada "lista suja"
do Ministério do Trabalho, como a Folha revelou na semana
passada.
De acordo com o banco, a
medida tem caráter preventivo, e a concessão de financiamento só ocorrerá após a Cosan sair do cadastro que lista
empresas acusadas de manter
trabalhadores em situação análoga à de escravos.
Empréstimos já aprovados
mas ainda não desembolsados
estão suspensos.
"A celebração de novos contratos com o BNDES fica condicionada à exclusão da companhia do referido cadastro",
informou nota do banco.
A Cosan havia obtido crédito
de R$ 635,7 milhões junto ao
BNDES em junho do ano passado. O dinheiro seria direcionado para a construção da usina de produção de álcool combustível em Jataí (GO).
Com capacidade para processar até 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, a usina está sendo finalizada e encontra-se em fase experimental de operação. Deveria
passar a produzir em escala comercial ainda neste semestre.
Apesar de aprovado, o dinheiro ainda não foi liberado
pelo banco. Outros créditos
também foram suspensos. De
acordo com o BNDES, as liberações referentes a contratos já
firmados dependerão de avaliação sobre as medidas que a
Cosan adotará para ser excluída da lista do Ministério do
Trabalho.
A Cosan foi incluída na lista
em dezembro após 42 trabalhadores terem sido resgatados
da usina Junqueira, em Igarapava, extremo norte de São
Paulo. Ela alega que a empresa
José Luiz Bispo Colheita - ME,
que prestava serviços na usina,
era responsável pelos trabalhadores e que, assim que tomou
conhecimento do fato, a excluiu da lista de fornecedores e
e pagou as despesas para regularizar os trabalhadores.
A Cosan concentra sua atuação em São Paulo, onde tem 21
usinas. Atualmente, constrói
outras duas, em Jataí (GO) e
Caarapó (MS).
Produtora de açúcar e álcool,
a Cosan entrou no mercado de
distribuição de combustíveis e
lubrificantes em 2008, quando
comprou os ativos da Esso por
US$ 826 milhões.
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