São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Sob Lula, país cria 4,6 mi de vagas formais

Ritmo de geração de emprego formal perde força pelo 2º ano seguido, e Marinho culpa ação do BC, com juro alto e real forte

2006 fecha com criação de 1,2 milhão de postos; em 8 anos de governo FHC, saldo foi de 797 mil empregos, segundo dados do Caged


ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

A geração de empregos com carteira assinada perdeu força no ano passado, quando fechou em 1,229 milhão. Com isso, o número de empregos formais criados no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva somou 4,651 milhões.
Esse resultado dá ao governo Lula um desempenho melhor que o registrado nos governos Fernando Henrique Cardoso, com queda de 1,018 milhão de vagas no primeiro mandato (1995-98) e criação de 1,815 milhão no segundo (1999-02). Portanto o saldo na era FHC foi de 797 mil novas vagas.
Na comparação com 2005, o resultado de 2006 registra queda de 2% na criação de vagas. O saldo de 1,229 milhão do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) representa a diferença entre o total de trabalhadores admitidos e demitidos no período.
Em 2005, o número de empregos formais criados já havia sofrido queda de 17,7% ante 2004, melhor ano do governo Lula para o mercado de trabalho. Ainda assim, o ministro Luiz Marinho (Trabalho) considerou "razoável" o desempenho de 2006, mas disse que poderia ter sido melhores se não fosse a política cambial e de juros do Banco Central.
"O ano poderia ter sido melhor se a gente tivesse conseguido ter juro menor e um câmbio ajustado para as necessidades nacionais", disse. Para ele, o atual modelo do BC é "insuficiente" ao mirar só na meta de inflação. Além disso, o fato de a inflação (IPCA) de 2006 ter ficado abaixo do centro da meta de 4,5% -foi de 3,14%- seria sinal de que os juros deveriam ter caído mais rapidamente.
Apesar das críticas ao BC, Marinho adotou um tom otimista ao comentar os números do mercado de trabalho em 2006. "Podemos dizer que foi um ano razoável para a geração de empregos. Eu apostaria em um 2007 melhor, já que temos as medidas que estamos adotando agora", disse, em referência ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Em 2002, o então candidato Lula falava na geração de 10 milhões de empregos. Ontem, Marinho voltou a negar que isso fosse uma promessa. "Se você olhar o programa de governo, não tinha escrito lá os 10 milhões. O que foi debatido foi a necessidade de gerar a ordem de 10 milhões de empregos."
Marinho acrescentou ainda que, levando em conta os empregos do funcionalismo público e do setor militar, foram criados 8,5 milhões de vagas formais em quatros anos. O número exato deve ser divulgado no segundo semestre.
Para o economista José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e sócio da consultoria Tendências, os números de empregos formais no governo Lula foram positivos.
"Esses resultados têm a ver com o crescimento do PIB dos últimos anos, mas também estão ligados a uma série de pequenas mudanças na legislação trabalhista feitas pelo governo FHC, que reduziram o custo da formalidade", diz ele, citando, entre as mudanças, a criação do chamado "banco de horas", que deu mais flexibilidade nas relações de trabalho.
Camargo afirma ainda que, também no início do governo Lula, medidas importantes foram tomadas para melhorar o ambiente de negócios no país, como a nova Lei de Falências e as mudanças na regulamentação da construção civil. Ele ressalta, porém, que só uma reforma trabalhista e previdenciária levaria a um aumento mais forte na geração de empregos nos próximos anos.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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