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BNDES desembolsa valor recorde de R$ 65 bi em 2007
Resultado foi puxado pela alta de 62% nas liberações para infra-estrutura, como gasodutos, telefonia e hidrelétricas
Crédito para indústria em geral caiu 2%; segundo o banco, dado reflete recuo nos financiamentos para
a exportação de veículos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou R$ 64,89 bilhões no ano passado. O resultado recorde representa um aumento de 24% na comparação
com os dados de 2006. O desempenho do banco foi impulsionado pelo crescimento dos
pedidos de financiamento para
projetos em infra-estrutura.
O presidente do banco, Luciano Coutinho, classificou o
desempenho como uma confirmação da performance positiva
da economia e da demanda firme por investimentos.
Segundo Coutinho, o orçamento para este ano deverá ser
da ordem de R$ 80 bilhões. Em
2007, o resultado do banco ficou muito próximo ao teto do
orçamento, de R$ 65 bilhões.
Os dados divulgados ontem
mostram que o banco deverá
emprestar mais em 2008. Os
projetos aprovados em 2007
somaram R$ 98,8 bilhões, alta
de 33% em relação a 2006.
Normalmente, os recursos
aprovados para grandes projetos são liberados em etapas. As
consultas, que sinalizam o interesse do empresariado em novos investimentos, cresceram
20% e foram a R$ 126,8 bilhões.
O banco já está planejando
aumentar o "funding" para empréstimos em 2009. O banco
ainda precisa de R$ 15 bilhões
para atender os pedidos para
este ano. Segundo Coutinho,
esse valor deverá ser equacionado por uma série de medidas.
"O banco tem uma carteira de
renda variável enorme, deverá
haver uma combinação de várias fontes", disse.
O principal destaque em relação aos anos anteriores foi o
crescimento dos desembolsos
para a infra-estrutura, que somaram R$ 25,633 bilhões, com
alta de 62% em relação a 2006.
As obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
contribuíram para a alta de empréstimos para esse setor.
As aprovações para infra-estrutura somaram R$ 45,651 bilhões, com alta de 104%. Os
principais projetos aprovados
nessa área foram o Gasene (Gasoduto Nordeste-Sudeste),
com R$ 4 bilhões, o gasoduto
Urucu-Manaus, com R$ 2,5 bilhões, e a expansão da rede da
Telefônica (R$ 2 bilhões).
Outro fator de destaque foi o
crescimento das aprovações
para o setor de energia elétrica,
com alta de 207% e um total de
R$ 12,8 bilhões.
Os principais projetos aprovados foram a usina hidrelétrica de Estreito, com R$ 2,7 bilhões, a hidrelétrica Foz do
Chapecó (R$ 1,6 bilhão) e a usina Simplício (R$ 1 bilhão). As
três usinas estão incluídas no
PAC e fazem parte de uma carteira de 183 projetos do programa que estão sendo avaliados
pelo banco. Em 2007, o BNDES
emprestou R$ 5 bilhões para
investimentos do PAC. Os 183
projetos representam financiamentos de R$ 65,6 bilhões.
"A carteira de energia elétrica vai apresentar um grande
salto em 2008", afirmou Coutinho, que citou as usinas de Santo Antônio e Jirau como os potenciais novos empréstimos.
Indústria
Os desembolsos do banco para a indústria tiveram queda de
2% e somaram R$ 26,446 bilhões. Para Coutinho, a queda
pode ser justificada pela redução do financiamento à exportação em 2007, especialmente
à exportação de veículos.
Para o banco, o sinal de que a
demanda por investimentos no
setor industrial continua aquecida é a alta de 59% nas liberações de recursos para a compra
de máquinas e equipamentos
por meio da linha Finame.
As aprovações para a indústria no geral tiveram queda de
3% e somaram R$ 38,2 bilhões.
Os principais projetos aprovados foram para a MMX, com R$
2,3 bilhões (infra-estrutura para exploração de minério de
ferro em MG, construção de
terminal portuário em São
João da Barra e mineroduto), e
a aquisição de equipamentos da
CSA (R$ 1,5 bilhão), além do financiamento ao estaleiro
Atlântico Sul para a construção
de dez navios (R$ 1,3 bilhão).
Os empréstimos do banco
continuaram concentrados na
região Sudeste, responsável por
58% dos recursos, com R$
37,581 bilhões. Em compensação, os empréstimos para a região Norte cresceram 113% e
somaram R$ 3,461 bilhões.
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