São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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País registra saída de US$ 2,4 bi em janeiro

Fluxo negativo é o maior desde dezembro de 2006

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após o recorde positivo de 2007, o fluxo de dólares ao Brasil voltou a ficar negativo em janeiro. Segundo dados do Bando Central, as remessas de dólares ao exterior superaram os ingressos em US$ 2,357 bilhões.
O valor inclui todas as transações fechadas no mercado de câmbio nacional -exportações, importações, pagamentos da dívida externa, investimentos estrangeiros, entre outros itens.
Foi o maior déficit registrado pelo Banco Central desde dezembro de 2006, quando o saldo negativo chegou a US$ 3,463 bilhões.
No ano passado, o fluxo havia atingido o valor recorde de US$ 87,454 bilhões.
No mês passado, as turbulências dos mercados e a redução no saldo da balança comercial colaboraram para reduzir esse resultado.
Ao longo de janeiro, os exportadores instalados no Brasil trouxeram US$ 15,307 bilhões, enquanto os importadores enviaram US$ 11,134 bilhões ao exterior.
O saldo resultante foi de US$ 4,173 bilhões, menos da metade do valor de janeiro de 2007. "Em razão da [valorização da] taxa de câmbio, o Brasil perde competitividade nas exportações, ao mesmo tempo em que as importações são estimuladas", diz Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Além disso, houve também uma piora no saldo das chamadas operações financeiras, que incluem pagamentos de juros da dívida externa, remessas de lucros ao exterior e ingressos de empréstimos e investimentos estrangeiros, entre outras movimentações.
Nessa conta, o resultado negativo de janeiro chegou a US$ 6,530 bilhões, ante saldo positivo de US$ 2,121 bilhões observado em dezembro.
Nesse caso, afirma Battistel, a piora no resultado pode ser creditada à maior instabilidade dos mercados globais, originada na crise do setor imobiliário e financeiro americano, que deve reduzir o ritmo de crescimento da economia mundial.

Bovespa
No Brasil, um dos impactos mais fortes dessa crise tem sido sentido na Bolsa de São Paulo, que, em janeiro, perdeu R$ 4,7 bilhões em investimentos estrangeiros.
Battistel ressalta, porém, que nem todo o dinheiro que deixa a Bovespa necessariamente sai do país. "Acredito que parte dos investidores tenha migrado para aplicações de renda fixa, já que os juros do Brasil ainda são muito altos."
Os números indicam que a saída de recursos ocorrida no mês passado não levou a uma desvalorização mais forte do real por causa da atuação dos bancos, que ao longo de janeiro se desfizeram de parte dos dólares que tinham guardados em suas carteiras.
Também segundo o BC, as instituições financeiras venderam US$ 4,542 bilhões neste começo de ano, e essa oferta de divisas mais do que compensou a saída de recursos do país.
Essa ação dos bancos também abriu espaço para que o BC continuasse com sua política de compra de dólares para reforçar as reservas em moeda estrangeira, que atualmente estão em US$ 188 bilhões.
De acordo com dados preliminares, essas aquisições somaram cerca de US$ 2,2 bilhões. Ao longo do ano passado, o BC comprou US$ 78,6 bilhões no mercado de câmbio.


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