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Após compra, Votorantim dobra de tamanho nos EUA
Companhia faturará US$ 1,5 bi no exterior, onde já estão 40% de suas vagas
Com a crise imobiliária, concreteira custou menos
do que há um ano; consumo norte-americano de cimento encolheu 11%
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Votorantim Cimentos
anunciou a compra da Prairie,
décima maior empresa de concreto dos Estados Unidos, por
valores não revelados. Com o
aquisição de ontem e a da Prestige, da Flórida, feita no fim de
2007, a Votorantim dobra de
tamanho na região e prevê faturar US$ 1,5 bilhão com a operação internacional, em 2008.
Apesar de a América do Norte responder agora por 30% de
suas receitas totais, cerca de
40% das 10 mil vagas geradas
pela Votorantim Cimentos já
estão fora do país.
"Nossa estratégia é alcançar
o equilíbrio entre mercados
emergentes e maduros", afirma
Walter Schalka, presidente da
Votorantim Cimentos. "Há
dois anos o consumo brasileiro
estava estagnado e o americano
aceleradíssimo e, agora, a situação se inverteu. O objetivo é
minimizar volatilidades cambiais e regionais."
No ano passado, o consumo
de cimento nos Estados Unidos
caiu, em média, 11%, em função
da crise do "subprime", as hipotecas imobiliárias de alto risco.
Em algumas regiões, como na
Flórida, as vendas despencaram em 25%.
Segundo Schalka, a operação
da Votorantim foi menos afetada porque parte dos produtos
vendidos nos EUA deixaram de
ser importados do Brasil e foram direcionados ao mercado
nacional. "Os Estados Unidos
voltarão a se recuperar porque
a infra-estrutura e o consumo
interno são fortes", diz.
A expectativa da empresa,
baseada nas previsões da Portland Cement Association, é de
que o consumo americano volte ao patamar pré-crise em
2010. "Eu particularmente
acho que haverá recessão", diz
Schalka. "Mas prevemos uma
leve recuperação no último trimestre de 2008."
Oportunidade
Apesar do encolhimento nas
vendas, a crise, de certa maneira, ajudou a Votorantim ao baratear a empresa americana.
"Se tivéssemos comprado um
ano atrás, teríamos pago mais
caro", afirma Schalka.
Segundo ele, a Votorantim
continuará fazendo aquisições
no exterior. Ele não quis comentar se as empresas americanas estão mais atraentes em
função da crise, porém afirmou
que a estratégia é se manter entre os mais competitivos internacionalmente para que as
aquisições sejam sustentáveis.
O ganho em sinergia com a
Prairie será de US$ 30 milhões,
já que a empresa é um dos
maiores clientes da Votorantim nos EUA.
Com o negócio, a Votorantim
segue a tendência de maior internacionalização das empresas brasileiras. Segundo o Banco Central, os investimentos
diretos brasileiros no exterior
somaram US$ 7,031 bilhões em
2007. Enquanto em 2005 as
empresas brasileiras investiam
em 143 países, em 2006 já estavam em 160.
"Na internacionalização virtuosa, na qual a empresa busca
mercados sem desinvestir no
Brasil, há ampliação de exportações, remessa de lucros e dividendos, maiores margens e
construção de marcas fortes
nacionais", afirma Antonio
Corrêa de Lacerda, professor
de economia da PUC-SP.
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