São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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Após compra, Votorantim dobra de tamanho nos EUA

Companhia faturará US$ 1,5 bi no exterior, onde já estão 40% de suas vagas

Com a crise imobiliária, concreteira custou menos do que há um ano; consumo norte-americano de cimento encolheu 11%

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Votorantim Cimentos anunciou a compra da Prairie, décima maior empresa de concreto dos Estados Unidos, por valores não revelados. Com o aquisição de ontem e a da Prestige, da Flórida, feita no fim de 2007, a Votorantim dobra de tamanho na região e prevê faturar US$ 1,5 bilhão com a operação internacional, em 2008.
Apesar de a América do Norte responder agora por 30% de suas receitas totais, cerca de 40% das 10 mil vagas geradas pela Votorantim Cimentos já estão fora do país.
"Nossa estratégia é alcançar o equilíbrio entre mercados emergentes e maduros", afirma Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos. "Há dois anos o consumo brasileiro estava estagnado e o americano aceleradíssimo e, agora, a situação se inverteu. O objetivo é minimizar volatilidades cambiais e regionais."
No ano passado, o consumo de cimento nos Estados Unidos caiu, em média, 11%, em função da crise do "subprime", as hipotecas imobiliárias de alto risco. Em algumas regiões, como na Flórida, as vendas despencaram em 25%.
Segundo Schalka, a operação da Votorantim foi menos afetada porque parte dos produtos vendidos nos EUA deixaram de ser importados do Brasil e foram direcionados ao mercado nacional. "Os Estados Unidos voltarão a se recuperar porque a infra-estrutura e o consumo interno são fortes", diz.
A expectativa da empresa, baseada nas previsões da Portland Cement Association, é de que o consumo americano volte ao patamar pré-crise em 2010. "Eu particularmente acho que haverá recessão", diz Schalka. "Mas prevemos uma leve recuperação no último trimestre de 2008."

Oportunidade
Apesar do encolhimento nas vendas, a crise, de certa maneira, ajudou a Votorantim ao baratear a empresa americana. "Se tivéssemos comprado um ano atrás, teríamos pago mais caro", afirma Schalka.
Segundo ele, a Votorantim continuará fazendo aquisições no exterior. Ele não quis comentar se as empresas americanas estão mais atraentes em função da crise, porém afirmou que a estratégia é se manter entre os mais competitivos internacionalmente para que as aquisições sejam sustentáveis.
O ganho em sinergia com a Prairie será de US$ 30 milhões, já que a empresa é um dos maiores clientes da Votorantim nos EUA.
Com o negócio, a Votorantim segue a tendência de maior internacionalização das empresas brasileiras. Segundo o Banco Central, os investimentos diretos brasileiros no exterior somaram US$ 7,031 bilhões em 2007. Enquanto em 2005 as empresas brasileiras investiam em 143 países, em 2006 já estavam em 160.
"Na internacionalização virtuosa, na qual a empresa busca mercados sem desinvestir no Brasil, há ampliação de exportações, remessa de lucros e dividendos, maiores margens e construção de marcas fortes nacionais", afirma Antonio Corrêa de Lacerda, professor de economia da PUC-SP.


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