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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Crise movimentará fusões e aquisições
A crise, que atrapalhou o fechamento de uma série de negócios amarrados no ano passado, será o motor do mercado
de fusões e aquisições em 2009.
"Essas operações voltaram a
acontecer não porque a economia está crescendo, como até
há alguns meses, mas porque
está fraca", afirma José Eduardo Queiróz, sócio do escritório
de advocacia Mattos Filho.
Com dinheiro em caixa, grupos como o Pão de Açúcar e o
Cosan montaram estruturas
especialmente para aproveitar
as oportunidades que surjam,
com empresas em dificuldades.
Já quem teve problemas, como
Votorantim, Sadia e Santelisa
Vale, busca vender ativos e participação nos negócios.
Além de vendas, os especialistas têm sido procurados também para renegociar dívidas,
buscar sócios e investidores estratégicos e, em alguns casos
extremos, vender ativos em
função de recuperação judicial.
"Algumas oportunidades de
aquisição estão surgindo porque os ativos estão muito baratos, e as empresas, endividadas", diz Mauro Guizeline, sócio do Tozzini, Freire.
Os especialistas ressaltam
que, em número e valores, as
fusões e aquisições não alcançarão os mesmos patamares de
2007 e 2008. Mas, entre as
áreas nas quais eles mais têm
trabalhado, estão usinas de
açúcar e álcool, frigoríficos,
construtoras e concessionárias. Também há na lista indústrias químicas, redes varejistas
e até mesmo empresas aéreas.
"Temos percebido interesses
em áreas variadas, mas o agronegócio é uma mina, especialmente para estrangeiros que
continuam olhando o Brasil",
diz Francisco Müssnich, sócio
do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão. "Quem tem dinheiro tem hoje uma vantagem
enorme."
No grupo Pão de Açúcar foi
criado, há pouco mais de dois
meses, um grupo voltado especialmente para fusões e aquisições para buscar oportunidades. O Cosan avalia a criação de
uma divisão semelhante, de
olho em terrenos e usinas.
"Algumas empresas atravessam uma situação difícil porque se financiavam com capital
barato", diz Antonio Rodrigues,
diretor da Unica. "Com a crise,
o processo de rolagem da dívida
de curto prazo parou."
Segundo Rodrigues, entre
10% e 15% das usinas vivem
uma situação muito difícil e outro tanto enfrenta dificuldades.
Na área dos frigoríficos, a situação não é diferente. Cinco
grandes empresas do setor pediram recuperação judicial nos
últimos meses e há vários ativos à espera de compradores.
As quebras também foram
causadas pelo recuo das exportações e do crédito, além dos
fortes processos de expansão
feitos pelas empresas, atropeladas pelo cenário recessivo.
"O agravante nessa indústria
é que as operações de derivativos as atingiram em cheio", diz
Fabiano Tito Rosa, da Scot
Consultoria. "Apesar de o momento não ser ideal para imobilizar capital ou ampliar a capacidade de abate, certamente
haverá consolidação porque o
Brasil é muito competitivo."
Com o fim da abundância de
crédito, os especialistas apontam que a tendência é haver
mais fusões e aquisições com
trocas de ações ou financiamento da compra pelo vendedor. "Esperamos mais criatividade nas operações", diz Carolina Lacerda, coordenadora de
fusões e aquisições da Anbid.
"Algumas oportunidades de aquisição estão surgindo porque os ativos estão muito baratos e as empresas, endividadas"
MAURO GUIZELINE
sócio do escritório Tozzini, Freire
NOVA ORDEM
O mercado automobilístico mundial registrou alterações no primeiro mês de 2009. No ranking dos maiores, o
mercado da China superou os EUA, enquanto o Brasil ultrapassou a Rússia, ficando em quinto lugar e a apenas
4.000 veículos da Alemanha. A Rússia, quinta colocada
em 2008, caiu para o nono lugar. O mercado do Reino
Unido, que era o oitavo, caiu para o décimo lugar.
DE SAÍDA
João Batista de Abreu, ex-ministro do Planejamento,
deixou a vice-presidência do
BMG.
A CARÁTER
A Nova Schin produzirá 50
milhões de latas temáticas para o Carnaval. São três modelos -BA, PE e Rio.
BAGAGEM
A Louis Vuitton se
prepara para abrir sua
sexta loja no Brasil. Será
no segundo semestre
deste ano, em Brasília.
Quem vai liderar essa
inauguração e o plano de
expansão da marca no
país é Marc Sjostedt, 40
anos, que acaba de assumir como novo diretor-geral para o Brasil. Com
12 anos de experiência
na Louis Vuitton, Sjostedt não acredita em crise para a marca, que ainda não registrou nenhuma alteração nas vendas
desde que as turbulências começaram. "A missão agora é ver onde serão abertas as novas lojas." Assim segue o plano
de expansão, que, segundo Sjostedt, já tem estudos em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife.
"O Brasil ainda tem muito potencial. O setor de
luxo aqui ainda é jovem."
A primeira loja da marca
na América Latina foi
aberta há 20 anos, em
São Paulo.
Casa da Moeda lucra R$ 103 mi em 2008
A CMB (Casa da Moeda
do Brasil) fechou 2008
com um lucro líquido de
R$ 103,5 milhões, contra
R$ 28,8 milhões em 2007.
O faturamento bruto previsto de R$ 550 milhões
bateu R$ 783 milhões.
Desde julho, com uma
nova equipe comandada
por Luís Felipe Denucci, a
CMB fez novos contratos
nos fornecedores de insumos para rastreamento de
selos fiscais e passou a
usar benefícios fiscais.
Para 2009, foi iniciado
um programa de modernização da empresa. Entre
as metas para o fim do ano,
estão a instalação de uma
nova linha de produção de
moedas e a melhoria das
duas linhas hoje existentes. A empresa poderá produzir cerca de 3 bilhões de
moedas, a partir de 2010.
Na feitura de cédulas estão operando duas linhas
de produção. Uma concorrência internacional para
aquisição de duas outras
linhas, mais modernas, está em andamento. Com isso, a Casa da Moeda deverá dobrar a capacidade.
São R$ 450 milhões no
total para os investimentos na produção de moedas, cédulas e outros produtos e serviços de segurança.
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