São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Crise movimentará fusões e aquisições

A crise, que atrapalhou o fechamento de uma série de negócios amarrados no ano passado, será o motor do mercado de fusões e aquisições em 2009. "Essas operações voltaram a acontecer não porque a economia está crescendo, como até há alguns meses, mas porque está fraca", afirma José Eduardo Queiróz, sócio do escritório de advocacia Mattos Filho.
Com dinheiro em caixa, grupos como o Pão de Açúcar e o Cosan montaram estruturas especialmente para aproveitar as oportunidades que surjam, com empresas em dificuldades. Já quem teve problemas, como Votorantim, Sadia e Santelisa Vale, busca vender ativos e participação nos negócios.
Além de vendas, os especialistas têm sido procurados também para renegociar dívidas, buscar sócios e investidores estratégicos e, em alguns casos extremos, vender ativos em função de recuperação judicial.
"Algumas oportunidades de aquisição estão surgindo porque os ativos estão muito baratos, e as empresas, endividadas", diz Mauro Guizeline, sócio do Tozzini, Freire.
Os especialistas ressaltam que, em número e valores, as fusões e aquisições não alcançarão os mesmos patamares de 2007 e 2008. Mas, entre as áreas nas quais eles mais têm trabalhado, estão usinas de açúcar e álcool, frigoríficos, construtoras e concessionárias. Também há na lista indústrias químicas, redes varejistas e até mesmo empresas aéreas.
"Temos percebido interesses em áreas variadas, mas o agronegócio é uma mina, especialmente para estrangeiros que continuam olhando o Brasil", diz Francisco Müssnich, sócio do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão. "Quem tem dinheiro tem hoje uma vantagem enorme."
No grupo Pão de Açúcar foi criado, há pouco mais de dois meses, um grupo voltado especialmente para fusões e aquisições para buscar oportunidades. O Cosan avalia a criação de uma divisão semelhante, de olho em terrenos e usinas.
"Algumas empresas atravessam uma situação difícil porque se financiavam com capital barato", diz Antonio Rodrigues, diretor da Unica. "Com a crise, o processo de rolagem da dívida de curto prazo parou."
Segundo Rodrigues, entre 10% e 15% das usinas vivem uma situação muito difícil e outro tanto enfrenta dificuldades.
Na área dos frigoríficos, a situação não é diferente. Cinco grandes empresas do setor pediram recuperação judicial nos últimos meses e há vários ativos à espera de compradores.
As quebras também foram causadas pelo recuo das exportações e do crédito, além dos fortes processos de expansão feitos pelas empresas, atropeladas pelo cenário recessivo.
"O agravante nessa indústria é que as operações de derivativos as atingiram em cheio", diz Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. "Apesar de o momento não ser ideal para imobilizar capital ou ampliar a capacidade de abate, certamente haverá consolidação porque o Brasil é muito competitivo."
Com o fim da abundância de crédito, os especialistas apontam que a tendência é haver mais fusões e aquisições com trocas de ações ou financiamento da compra pelo vendedor. "Esperamos mais criatividade nas operações", diz Carolina Lacerda, coordenadora de fusões e aquisições da Anbid.

"Algumas oportunidades de aquisição estão surgindo porque os ativos estão muito baratos e as empresas, endividadas"

MAURO GUIZELINE sócio do escritório Tozzini, Freire

NOVA ORDEM

O mercado automobilístico mundial registrou alterações no primeiro mês de 2009. No ranking dos maiores, o mercado da China superou os EUA, enquanto o Brasil ultrapassou a Rússia, ficando em quinto lugar e a apenas 4.000 veículos da Alemanha. A Rússia, quinta colocada em 2008, caiu para o nono lugar. O mercado do Reino Unido, que era o oitavo, caiu para o décimo lugar.

DE SAÍDA
João Batista de Abreu, ex-ministro do Planejamento, deixou a vice-presidência do BMG.

A CARÁTER
A Nova Schin produzirá 50 milhões de latas temáticas para o Carnaval. São três modelos -BA, PE e Rio.

BAGAGEM

A Louis Vuitton se prepara para abrir sua sexta loja no Brasil. Será no segundo semestre deste ano, em Brasília. Quem vai liderar essa inauguração e o plano de expansão da marca no país é Marc Sjostedt, 40 anos, que acaba de assumir como novo diretor-geral para o Brasil. Com 12 anos de experiência na Louis Vuitton, Sjostedt não acredita em crise para a marca, que ainda não registrou nenhuma alteração nas vendas desde que as turbulências começaram. "A missão agora é ver onde serão abertas as novas lojas." Assim segue o plano de expansão, que, segundo Sjostedt, já tem estudos em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. "O Brasil ainda tem muito potencial. O setor de luxo aqui ainda é jovem." A primeira loja da marca na América Latina foi aberta há 20 anos, em São Paulo.

Casa da Moeda lucra R$ 103 mi em 2008

A CMB (Casa da Moeda do Brasil) fechou 2008 com um lucro líquido de R$ 103,5 milhões, contra R$ 28,8 milhões em 2007. O faturamento bruto previsto de R$ 550 milhões bateu R$ 783 milhões.
Desde julho, com uma nova equipe comandada por Luís Felipe Denucci, a CMB fez novos contratos nos fornecedores de insumos para rastreamento de selos fiscais e passou a usar benefícios fiscais.
Para 2009, foi iniciado um programa de modernização da empresa. Entre as metas para o fim do ano, estão a instalação de uma nova linha de produção de moedas e a melhoria das duas linhas hoje existentes. A empresa poderá produzir cerca de 3 bilhões de moedas, a partir de 2010.
Na feitura de cédulas estão operando duas linhas de produção. Uma concorrência internacional para aquisição de duas outras linhas, mais modernas, está em andamento. Com isso, a Casa da Moeda deverá dobrar a capacidade.
São R$ 450 milhões no total para os investimentos na produção de moedas, cédulas e outros produtos e serviços de segurança.



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