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ANÁLISE
Redes de TV saem vitoriosas
DO COLUNISTA DA FOLHA
As redes de televisão são as
principais (talvez únicas) vitoriosas com a escolha do padrão de
modulação de TV digital japonês,
que defendem desde 1999, quando fizeram os primeiros testes.
O padrão japonês é melhor para
as TVs brasileiras porque é o que
trará menos impacto ao seu modelo de negócios. Elas apenas ganharão um novo canal e transmitirão sinal digital nele. Pelo menos
por enquanto, não haverá a entrada de novos concorrentes, principalmente as temidas telefônicas.
As redes temiam que a escolha
do padrão europeu, por exemplo,
trouxesse o modelo de exploração
de televisão do continente, em
que não há alta definição e empresas de telefonia atuam como distribuidores dos sinais (ou seja, cobram das TVs para distribuí-las).
Segundo as redes, o padrão japonês seria o único que lhes permitiria transmitir um sinal robusto, que "pega" bem em cidades de
relevo acidentado, como o Rio, ou
com muitos prédios, como São
Paulo. Na TV digital, ou o sinal
"pega" 100% ou não "pega".
Com a escolha do padrão japonês, as teles perdem -ou deixam
de ganhar. Elas reivindicavam
parte do espectro de UHF e VHF
(usado pela TV) para explorarem
serviços de telefonia e de distribuição de audiovisual pago.
Perdem também os defensores
da democratização do espectro
com a entrada de novos operadores. Para eles, a escolha do padrão
japonês significa que o governo
sucumbiu ao pragmatismo e quis
agradar às grandes emissoras de
televisão do país em ano eleitoral.
(DANIEL CASTRO)
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