São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

China afeta mais de 50% das empresas, diz estudo da CNI

Mais da metade (52%) das empresas brasileiras que concorrem com a China registra queda nas vendas no mercado interno, e 58% das que competem com a potência internacionalmente já perderam clientes para os chineses. Do total de empresas brasileiras, a concorrência com a China afeta uma em cada quatro companhias nacionais.
Essas são as principais conclusões de sondagem especial que será divulgada hoje pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). De acordo com o trabalho, o mais completo realizado até hoje sobre os efeitos da concorrência com a China, os setores industriais mais atingidos são têxteis, vestuário, equipamentos hospitalares e de precisão e calçados.
No setor têxtil, 72% registraram concorrência com produtos chineses, e, nos demais, mais de 50%. Três em cada quatro empresas têxteis tiveram perdas de participação no mercado interno, e 23% apontaram quedas significativas.
O presidente da CNI, Armando Monteiro, diz que o trabalho deve ser visto como uma espécie de advertência para o Brasil. "O país está perdendo espaço de forma acelerada na briga com a China", diz ele. "O Brasil tem que ter pressa para não ficar para trás."
Monteiro acha que, em primeiro lugar, as empresas têm que se esforçar, cada vez mais, para reduzir os seus custos. Mas não é só isso. Ele acha que o Executivo e o Legislativo têm que avançar na agenda para a redução do "custo Brasil", além de adotar medidas mais duras para evitar o comércio ilegal. "Esse quadro afeta diretamente o nosso PIB."
Os efeitos da concorrência com a China são preocupantes. De acordo com o estudo da CNI, do total de empresas brasileiras que registraram vendas ao exterior, 54% delas sofrem a concorrência dos produtos chineses internacionalmente.
Já em relação às que competem diretamente com a China, 58% tiveram perdas de clientes no mercado internacional, 6% pararam de exportar em razão dessa concorrência e 36% mantiveram ou aumentaram o número de clientes.
Entre as empresas que pararam de exportar, destacam-se as dos setores de vestuário, couros e calçados. Pelo menos uma em cada cinco firmas dessas áreas deixaram de exportar por conta da concorrência com a China. Em contrapartida, as empresas de papel e celulose e de química mantiveram parte expressiva dos clientes.

entrevista

Avon quer ser a Coca-Cola, diz CEO mundial

A número um da venda direta no planeta, a marca de cosméticos Avon lança hoje, no dia em que se comemora 150 anos do Dia Internacional da Mulher, seu novo posicionamento mundial, sob o slogan "Viva o Amanhã". Em visita ao Brasil, Andrea Jung, CEO mundial da empresa e uma das mulheres mais poderosas do mundo, diz que o objetivo da Avon é ser "como a Coca-Cola".

 

FOLHA - Quais os planos da Avon para os próximos cinco anos?
ANDREA JUNG -
Em beleza, nós vamos continuar com foco em cuidados de pele. Temos o Avon Style, que é um completo relançamento da nossa marca de maquiagem, vamos fazer novas embalagens, com mais qualidade. Lançamos hoje nova campanha. Temos uma agenda pesada de outros lançamentos no segundo trimestre. Devemos investir US$ 340 milhões em desenvolvimento, quase três vezes mais do que em 2005.

FOLHA - Qual é a importância do mercado brasileiro?
JUNG -
O Brasil é o país que mais cresceu em 2006. Expandiu-se em US$ 1 bilhão e é um dos mais fortes da América Latina. É um "tour de force", o segundo maior mercado depois dos EUA, o maior internacional, e vemos boas perspectivas de expansão.

FOLHA - Nesse cenário, não é tão difícil vender...
JUNG -
É uma situação especial. O poder de uma marca global, de US$ 9 bilhões de faturamento em 2006. Nosso objetivo é ser como a Coca-Cola. Toda vez que se pensar em um batom, pensar na Avon.

NOS TRILHOS
O presidente mundial da Bombardier, Laurent Beaudoin, desembarca no Brasil para compromissos em Brasília e em São Paulo. Na agenda, estão previstos um encontro com o presidente Lula na segunda, e, à noite, no mesmo dia, um jantar, na capital paulista, organizado por João Doria Jr. O jantar terá a presença de um grupo seleto de pesos pesados como Joseph Safra e Marcio Cypriano. Beaudoin afirmou que não irá tratar de assuntos aeroviários, e sim de ferrovia, seu outro alvo de interesse. A Bombardier é a principal concorrente da Embraer.

NA MESA
Henrique Meirelles (Banco Central) participará hoje, um dia depois da reunião do Copom, de jantar, em São Paulo, com empresários do Iedi. No cardápio, a preocupação com os efeitos do câmbio sobre a indústria. No final do ano passado, o Iedi realizou um estudo junto à Fiesp com alerta de risco de desindustrialização no país.

ESPELHO
As mulheres avançam no consumo de produtos tipicamente masculinos, segundo indicadores da LatinPanel. É o caso da cerveja. Cerca de 32% das consumidoras compram o produto para consumo próprio, respondendo por 24% do volume produzido no Brasil. Os homens avançam no consumo de cremes e loções. Cerca de 24% dos consumidores masculinos têm tais itens em sua cesta de compras e respondem por 10% do volume produzido no país. No Centro-Sul, eles respondem por 44% do consumo destas categorias, no Sudoeste, 30%, Grande Rio, 22%, e Grande SP, 17%. Detectou-se ainda que 12% dos homens compram tintura para cabelos.

EDUCAÇÃO
A Fundação Estudar recebe o reitor da Tuck School of Business, Paul Danos, no dia 20. Na pauta, o país na agenda de recrutadores de escolas de negócio do exterior.

NA BANCA
Chega ao mercado editorial mais um jornal gratuito, o "Giro SP". Dessa vez, com capital 100% brasileiro. No foco estão as classes de baixo poder aquisitivo.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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