São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Lucro da Vale aumenta 29% e chega a R$ 13,4 bi

Resultado recorde da mineradora em 2006 só é inferior ao da Petrobras; analistas, no entanto, esperavam mais

Ganho é o 7º maior de uma empresa brasileira; canadense Inco, adquirida no ano passado, responde por R$ 867 mi do resultado


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O cenário de demanda aquecida por minério de ferro e a compra da produtora de níquel canadense Inco levaram a Vale do Rio Doce a registrar lucro recorde de R$ 13,431 bilhões em 2006 -alta de 28,6% sobre 2005. A contribuição da Inco para o lucro após a aquisição somou R$ 867 milhões.
A Vale teve o 7º maior lucro da história de uma empresa brasileira, segundo dados da Economática. A consultoria ajustou os resultados pelo IPCA. O lucro da companhia em 2006 só perde para o da Petrobras, de R$ 25,9 bilhões. Apesar da expansão, o resultado ficou abaixo das projeções de analistas ouvidos pela Folha, que esperavam um valor na faixa de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões.
Em 2006, a Vale se tornou a segunda maior mineradora do planeta após a compra da Inco, a maior aquisição já realizada por uma empresa da América Latina. A operação faz parte da estratégia da empresa de diversificar a oferta de produtos e as bases de atuação. Com a compra, o valor dos investimentos feitos pela companhia passou de US$ 4,161 bilhões em 2005 para US$ 26 bilhões em 2006.
Segundo analistas, embora o minério de ferro continue como o carro-chefe da companhia, a tendência é que os demais metais ganhem peso na geração de receitas, principalmente o níquel.

Cenário
Cristiane Viana, analista da Ágora Senior, destaca o aumento da participação da Vale no segmento de minério de ferro com operações como a aquisição da Rio Verde Mineração e a conclusão da aquisição das ações da Caemi. "Isso permite que ela se beneficie do cenário de procura aquecida por esses produtos. O aumento de 9,5% fechado para 2007 reflete isso."
Em 2006, os embarques de minério de ferro da companhia bateram recorde, com 272,682 milhões de toneladas.
A Ásia passou a ser o principal destino das vendas da Vale no ano passado, com 37,3% do total da receita. Ela superou as Américas, que responderam por 33,4%. A Vale se tornou a maior fornecedora de minério de ferro para a China em 2006.
O mercado brasileiro perdeu participação no total das receitas da empresa e passou de 22,8% em 2005 para 18,4% no ano passado. As vendas para o mercado interno contribuíram com R$ 8,583 bilhões.
A receita operacional bruta da Vale foi de R$ 46,746 bilhões em 2006, a maior da história da empresa e 32,2% acima da de 2005. A geração de caixa somou R$ 22,759 bilhões em 2006, um crescimento de 36,6% em relação a 2005. A contribuição da Inco foi de R$ 3,183 bilhões.
No quarto trimestre, a mineradora lucrou R$ 3,368 bilhões -alta de 27,7% sobre o mesmo período do ano passado.
Com a compra da Inco, a produção trimestral de níquel chegou a 69 mil toneladas.

Custos em alta
Os custos da companhia cresceram 27,3% no ano passado e somaram R$ 20,756 bilhões, puxados pela compra da Inco. O principal item de custo foi gastos com serviços contratados, com R$ 4,199 bilhões.
Apesar do aumento das despesas, analistas afirmam que a Vale foi hábil na negociação para alongar prazos. A empresa conseguiu manter a nota de "grau de investimento" pelas agências de classificação de risco. A dívida total da companhia no final do ano passado era de US$ 22,581 bilhões.


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