São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Ipea vê expansão mais forte com alta de investimentos

Instituto eleva de 3,6% a 3,7% previsão para o PIB do ano, que pode aumentar mais com nova metodologia do IBGE

Maior estabilidade política, menor taxa de juros e crescimento internacional sólido devem aumentar os investimentos


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, revisou sua projeção para o crescimento da economia neste ano para 3,7%. Em dezembro, previa 3,6%.
A leve alta foi motivada pela divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2006 e pela revisão do desempenho da economia no segundo e no terceiro trimestre pelo IBGE.
As mudanças aumentaram o "carry-over", o efeito de carregamento estatístico, de 1,3% para 1,4%. Na prática, ele significa o efeito benéfico do crescimento de um ano para o outro.
Mesmo com a revisão, a estimativa é inferior à promessa do presidente Lula de crescimento de 4,5% neste ano, divulgada na apresentação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Apesar disso, ainda é superior à média do mercado, que prevê alta de 3,5%.
Os dados do Ipea poderão ser revistos em breve. No final deste mês, o IBGE apresentará a taxa de crescimento do PIB de 2006 segundo nova metodologia que passa a adotar. "Não descartamos a possibilidade de fazer uma revisão para um número que se aproxime mais de 4%", disse Fabio Giambiagi, economista do instituto.
Se de um lado a economia não deve crescer de acordo com as promessas do governo, os investimentos deverão registrar uma expansão de 8% neste ano impulsionados pela realização de obras previstas no PAC, pelo cenário de crescimento da economia mundial e pela inflação sob controle. Em 2006, os investimentos cresceram 6,3%.
"Projetos que estavam na gaveta à espera de um horizonte de previsibilidade maior devem sair do papel com mais estabilidade política, menor taxa de juros e continuidade do crescimento internacional", disse.
O Ipea estima que a taxa de investimento foi de 20,6% do PIB em 2006, revelando maior disposição dos empresários para a compra de máquinas.
Apesar da turbulência no mercado financeiro na semana passada, o Ipea prevê que o câmbio médio no ano fique em R$ 2,17 e chegue a R$ 2,21 no último trimestre. Segundo Giambiagi, o boletim do instituto foi fechado antes da queda das Bolsas, mas ainda é difícil prever os efeitos da instabilidade.
O instituto elevou a projeção do saldo da balança comercial, de US$ 37,2 bilhões para US$ 40,4 bilhões, com leve redução na previsão das importações e aumento das exportações.
Para o Ipea, os juros deverão continuar em ritmo de queda de 0,25 ponto percentual ao longo do ano, fechando 2007 em 11,5%. Em um cenário sem grandes pressões inflacionárias, o IPCA deve fechar o ano em 3,8%, abaixo do centro da meta de inflação, de 4,5%.
O instituto prevê um aumento da produção industrial de 4,4% neste ano (2,8% em 2006), puxado pela recuperação da indústria de transformação, com destaque para máquinas e equipamentos e bens duráveis, e pelo consumo das famílias, que deve crescer 5%.
Giambiagi vê cenário fiscal favorável "se aprovado teto para a evolução da despesa com pessoal de 1,5% ao ano a partir do ano que vem".


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