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Bush diz que a economia "claramente" se desacelerou
Após perda de 63 mil vagas em fevereiro, governo americano admite retração
Mercado de trabalho tem o seu pior resultado desde março de 2003; setor privado eliminou 101 mil postos no mês passado
DA REDAÇÃO
Com o mercado de trabalho
dos EUA apresentando seu pior
resultado em quase cinco anos,
o governo americano agora já
começa a falar em retração.
O presidente do conselho
econômico da Casa Branca, Edward Lazear, disse que não descarta um resultado negativo
para o PIB deste trimestre. E o
presidente americano, George
W. Bush, afirmou que a economia "claramente se desacelerou" -um tom mais pessimista
que seus discursos anteriores.
"Nós realmente não sabemos
se [o PIB] será negativo ou não.
E, para ser honesto, mesmo que
seja positivo, mas baixo, será
uma preocupação para nós",
afirmou Lazear. Ele disse ainda
que a Casa Branca revisou para
baixo a sua previsão de crescimento para os três primeiros
meses do ano e que este será o
trimestre mais fraco. "Realisticamente, a economia está menos forte do que esperávamos."
Sobre a possibilidade de recessão, Lazear disse que levará
vários meses para saber se isso
vai ocorrer -a definição padrão
de recessão nos Estados Unidos envolve dois trimestres
consecutivos de crescimento
econômico negativo. No último
trimestre do ano passado, o PIB
americano se expandiu em
0,6%, o menor avanço desde o
mesmo período de 2002.
Momentos depois da declaração da Lazear, Bush, em discurso que não estava agendado,
disse que a economia se desacelerou, mas que terá um impulso
com o pacote de estímulo aprovado no mês passado. O plano
prevê a injeção de cerca de US$
170 bilhões na economia por
meio de restituição do Imposto
de Renda para contribuintes e
isenção fiscal na compra de
equipamentos por empresas.
"Quando esse dinheiro chegar ao povo americano, esperamos que ele o use para aumentar os gastos com consumo e
que isso faça crescer também a
criação de empregos", afirmou
Bush em um discurso de pouco
mais de dois minutos. Ele não
usou o termo "resiliente" para
classificar a economia, como já
havia se tornado tradicional em
suas declarações.
O tom mais pessimista das
autoridades foi antecedido pelos resultados do mercado de
trabalho dos EUA, que perdeu
63 mil vagas no mês passado
-o pior resultado desde março
de 2003, quando foram eliminados 212 mil postos-, aumentando ainda mais o temor de recessão, que seria a primeira em
sete anos. "A perda de emprego
é dolorosa, e eu sei que os americanos estão preocupados com
a nossa economia -eu também
estou", afirmou Bush.
Eliminação de vagas
O quadro foi negativo para a
maioria dos setores. A indústria eliminou 52 mil postos de
trabalho, o mercado de construção (epicentro da crise
atual), 39 mil, e as vendas ao varejo, mais 34 mil. O mercado financeiro, que também foi fortemente atingido pela crise,
perdeu 12 mil vagas. Educação
e serviços de saúde e lazer e
hospedagem foram algumas
das raras áreas em que houve
geração de emprego.
No total, o setor privado perdeu 101 mil vagas em fevereiro,
o terceiro mês consecutivo de
cortes -um sinal de que as empresas estão temerosas com a
economia. Já o setor público
contratou mais 38 mil, o que
impediu um resultado mais negativo. "Eu não via um relatório
de trabalho tão recessivo desde
a última recessão [em 2001]",
disse ao "New York Times" o
economista Jared Bernstein,
do Economic Policy Institute.
Para piorar, o Departamento
de Trabalho revisou de 17 mil
para 22 mil o número de vagas
eliminadas em janeiro, o primeiro resultado negativo desde
agosto de 2003. E, em dezembro, a economia criou metade
dos 82 mil postos inicialmente
previstos. Os Estados Unidos
precisam gerar cerca de 100 mil
postos por mês apenas para
atender à população que entra
no mercado de trabalho.
Já a taxa de desemprego, que
leva em conta outros dados, retrocedeu de 4,9%, em janeiro,
para 4,8%, mas a queda não serviu para acalmar os temores
quanto a uma recessão no país.
Com agências internacionais
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