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Mau humor global faz Bovespa cair 1,76%
Dados sobre emprego nos EUA aumentam receio de recessão; analistas já prevêem um corte maior nos juros do Fed
Apesar das medidas anunciadas pelo governo Bush, mercado ainda teme mais estragos com a crise imobiliária norte-americana
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A notícia de que foram fechados 63 mil postos de trabalho
nos EUA no mês passado reacendeu o pessimismo no mercado financeiro em todo o
mundo ontem, um dia após o
surgimento de mais problemas
de solvência entre instituições
financeiras americanas que
atuam no mercado de hipotecas de alto risco ("subprime").
O índice Dow Jones da Bolsa
de Nova York recuou 1,22% no
dia e fechou no menor nível
desde outubro de 2006. A Nasdaq caiu 0,36%, para o patamar
mais baixo desde setembro do
ano retrasado.
Na segunda sessão consecutiva de baixa, a Bovespa perdeu
1,76%, aos 61.867 pontos -menor nível desde 15 de fevereiro.
Na semana, a queda é de 2,56%.
O dólar comercial avançou
0,23%, a R$ 1,684. Na máxima
do dia, alcançou R$ 1,701.
As Bolsas asiáticas sofreram
bastante, ontem, com as informações de que o grupo de investimentos Carlyle Capital
não está conseguindo honrar
seus compromissos, divulgadas
na véspera. A Bolsa de Tóquio
fechou em baixa de 3,3% e a de
Hong Kong recuou 2,9%. Ainda
nem tinha nascido o sol no lado
ocidental e o clima já era ruim.
Logo cedo, diante da insegurança crescente no mercado de
crédito -o receio é que as financeiras não tenham mais
condições de emprestar para
ninguém-, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA)
anunciou que ofereceria aos
bancos US$ 100 bilhões para
garantir que não falte dinheiro
no sistema. No entanto, uma
medida que poderia acalmar os
ânimos teve o seu efeito anulado pelos desanimadores números a respeito do mercado de
trabalho americano, que saíram minutos depois.
Foi o maior número de cortes
de vagas em cinco anos, o que
alimentou os temores de que a
maior potência do planeta esteja caminhando a passos largos
para uma recessão. Os analistas
também aumentaram suas
apostas em um corte de juros
ousado, quando o comitê de política monetária do Fed se reunir novamente, no dia 18 de
março. A sua taxa básica, que
está atualmente em 3% ao ano,
pode ser reduzida em 0,75 ponto percentual, na opinião de
muitos economistas.
Tão grande foi o mau humor
que o presidente George W.
Bush resolveu se pronunciar.
Disse que está claro que a atividade se encontra em desaceleração, mas frisou que o cenário
futuro continua positivo. "Sei
que se trata de um momento
difícil para a nossa economia,
mas nós reconhecemos o problema cedo e providenciamos
um pacote de estímulo", disse,
referindo-se ao projeto de isenções e restituições de impostos
proposto pela sua administração e aprovado pelo Congresso.
"Ainda existem muitas dúvidas a respeito do que está acontecendo na economia americana, e isso nos afeta", diz Gustav
Penna Gorski, economista-chefe da corretora Geração Futuro. Gorski explica que o pior
dos dados sobre emprego foi
que houve perdas em todos os
setores: 34 mil no varejo, 52 mil
na indústria e 39 mil na construção civil. "O debate a respeito do grau de desaquecimento
continua. A Bolsa brasileira
certamente está sendo menos
afetada do que a de outros países, o que não significa que podemos ficar tranqüilos. Turbulências vão ocorrer. Quando há
incertezas, o risco cresce."
Aos pequenos investidores,
ele lembra que aplicações no
mercado acionário devem ser
feitas de olho no longo prazo.
Na sua opinião, as perspectivas
para as empresas brasileiras seguem positivas, e seus papéis
podem dar bons lucros.
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