São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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SP faz 1º leilão do Rodoanel na terça-feira

Vencedora terá de pagar R$ 2 bi em dois anos e uma porcentagem mensal da receita, além de oferecer o valor mais baixo de tarifa

Pagamento de parte do montante à vista deve estimular consórcio entre concessionárias; CCR é vista como uma das favoritas

Luiz Carlos Marauskas/Folha Imagem
Obra do Rodoanel nas proximidades da rodovia dos Imigrantes; trecho oeste será leiloado na terça

SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O anel rodoviário que vai contornar São Paulo terá seu primeiro trecho leiloado na próxima terça e tem como favorita a brasileira CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), concessionária que administra quatro das cinco estradas que cortam a parte oeste do Rodoanel Mário Covas.
Além da importância estratégica para a empresa -uma das maiores concessionárias do país- analistas dizem que ela adotou discurso mais agressivo e, por isso, deverá ousar mais nas ofertas para levar o trecho em disputa e revidar a vitória da espanhola OHL no leilão de rodovias federais de outubro.
"Ela terá maior ganho de sinergia porque tem concessões que cortam [o Rodoanel], por isso terá redução de gastos, que é o que esses novos modelos de concessão exigem", diz Mônica Araújo, da Ativa Corretora.
"Hoje a única maneira que a CCR tem de crescer é o aumento de tráfego, o que, sozinho, não basta", diz Fausto Gouveia, da Alpes Corretora. André Segadilha, da Prosper, concorda: "A CCR deve tentar expandir suas atividades. Ela é muito grande e vai tentar entrar nos melhores negócios".
Já a agressividade da OHL, que chegou a pagar até 65% a menos que o teto determinado pelo governo federal, rendeu desconfiança em relação aos resultados que a empresa pode obter com a compra dos trechos. As ações da empresa tiveram desvalorização de cerca de 30% no ano passado, contra alta de 43,65% da Bovespa.
Depois do elevado ágio registrado no leilão de sete trechos federais -que dava vitória à empresa que apresentasse proposta de menor tarifa de pedágio-, o governo do Estado de São Paulo mudou a fórmula dos seus leilões, que eram definidos pelo valor de outorga.
No Rodoanel, a empresa terá de pagar R$ 2 bilhões em dois anos -sendo R$ 200 milhões de entrada-, 3% da receita com a concessão todos os meses e ainda oferecer o valor mais baixo de tarifa, em relação aos R$ 3 estipulados como teto pelo governo, para levar o trecho.
Quem melhor atender a esse requisito vai levar uma estrada de 32 km que corta as rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castello Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt, com tráfego de cerca de 200 mil veículos, segundo a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário).
Esse modelo misto -e que depende de que as empresas tenham maior caixa- pode beneficiar associações com concessionárias estrangeiras e grandes bancos, diz o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy.
Para Mônica Araújo, o novo modelo está consolidado e depende de redução de custos e gestão eficiente para compensar o valor baixo da tarifa e, por isso, estimula a formação de consórcios, segundo ela.

Novo modelo
Para o presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), Moacyr Duarte, o modelo adotado por São Paulo, de aliar menor valor de tarifa com o pagamento de outorga, está bem estruturado. "Ele manteve essa idéia da outorga pesada, para conseguir investir e dar benefícios compatíveis com o que os usuários pagarão."
Para o autor do livro "Rodovias Auto-Sustentáveis: O Desafio do Século 21" e secretário dos Transportes de Porto Alegre, Luiz Afonso Senna, o modelo é sustentável por ver a rodovia como rede. "Tem de buscar boas rodovias no sistema todo, não ter essa obsessão por tarifa baixa."


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