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Exportações do campo somam US$ 60 bi
Valor é recorde e foi acumulado nos últimos 12 meses até fevereiro deste ano; carnes, produtos florestais e soja lideram
Associação prevê que os embarques do complexo soja rendam quase US$ 18 bi
em 2008, 58% mais do que no ano passado
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Indiferentes à instabilidade
financeira trazida pela crise das
hipotecas nos Estados Unidos,
as commodities se mantiveram
com forte valorização nas principais Bolsas de negociações
pelo mundo até o mês passado.
Com isso, o Brasil, um dos
principais fornecedores de produtos agropecuários ao mercado internacional, atingiu o recorde de US$ 60,2 bilhões nas
exportações acumuladas do setor em 12 meses até fevereiro.
Esse recorde vem mais pela
valorização dos produtos do
que pelo volume exportado.
Segundo o Ministério da
Agricultura, só nos dois primeiros meses do ano o agronegócio
acumulou receitas de US$ 9,1
bilhões, com alta de 25% em relação a igual período de 2007.
Mas, se as exportações crescem, as importações seguem
em ritmo ainda maior. Apenas
no primeiro bimestre, os gastos
externos no setor de agronegócios atingiram US$ 2,2 bilhões,
75% mais do que em 2007. Nos
últimos 12 meses, o país despendeu US$ 9,65 bilhões com
compras externas no setor.
Apesar da evolução das importações, o saldo ainda é recorde e atinge US$ 50,6 bilhões,
mesmo com o real valorizado.
O agronegócio vai continuar
gerando boas receitas para o
Brasil também neste ano.
Na disputa entre soja e carnes, o carro-chefe da balança
comercial agrícola deve continuar com a oleaginosa.
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais) divulgou ontem um
dado impressionante. Os preços elevados da soja e derivados
permitirão ao país obter US$
17,8 bilhões neste ano -58%
mais do que em 2007. Se confirmado esse dado para 2008,
as carnes podem perder, mais
uma vez, a disputa com a soja
na liderança, apesar de apenas
em fevereiro terem rendido
US$ 1 bilhão, mesmo com o embargo da União Européia aos
cortes bovinos "in natura".
A curto prazo, os preços
atuais não parecem muito favoráveis. Nesta semana, o do óleo
de soja e o do farelo recuaram
12%. O da soja em grãos, 10%.
O milho, um dos líderes de alta no setor, desde que os norte-americanos passaram a adotar
o produto como base na produção de álcool, também caiu. A
lista de baixas se estende para
açúcar, cacau, café e sucos.
Anderson Galvão, da consultoria Céleres, de Uberlândia
(MG), diz que o setor passa por
um momento de realização de
lucros, após altas acentuadas.
Mas a pressão nos preços vai
continuar. A demanda está
aquecida, os estoques são os
menores em três décadas e o
dólar está desvalorizado.
Os dados do Ministério da
Agricultura apontam cinco
destaques neste primeiro bimestre. As receitas com carnes
lideram e atingem US$ 2,1 bilhões, seguidas pelos produtos
florestais -US$ 1,6 bilhão.
O complexo soja, líder em
2007 e cujas receitas devem aumentar nos próximos meses
com exportações mais acentuadas, soma US$ 1,3 bilhão. Já o
complexo sucroalcooleiro, que
teve boa recuperação nos preços do açúcar neste ano, atinge
US$ 887 milhões, seguido por
café (US$ 705 milhões).
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