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Companhias investem em marcas específicas
DA SUCURSAL DO RIO
Empresas acostumadas a lidar com o modelo de negócios
das classes A e B estão criando
marcas ou franquias específicas para atender ao gosto da
classe C. Para Sérgio Nardi, autor do livro "A Nova Era do
Consumo de Baixa Renda", a
tendência é que as empresas
mantenham um produto voltado para a classe A e uma marca
espelho para o novo público.
O grupo CRM, controlador
da Kopenhagen, lançou em janeiro a marca Brasil Cacau,
com 11 lojas próprias em São
Paulo e investimento de R$ 5
milhões. Até o fim do ano, a meta é chegar a 50 lojas, a maior
parte em shoppings populares.
Segundo Renata Vichi, vice-presidente do grupo CRM, o
Brasil é o quarto maior consumidor de chocolate no mundo.
"Seguimos com o projeto
porque o mercado de alimentos
é menos sensível aos efeitos da
crise", disse Vichi.
A quantidade crescente de
projetos feitos e jogados no lixo
soou um sinal de alerta para a
fabricante de móveis planejados Única. Desde que nasceu,
há 23 anos, a empresa gaúcha
mirou as classes A e B, com as
marcas Dell Ano e Favorita.
"Havia um novo público nas lojas, que sonhava com aqueles
móveis, mas, no fim, o sonho
não cabia no salário", conta o
diretor comercial da empresa,
Ronaldo Marcolin.
No fim do ano, a Única lançou uma marca destinada a esse novo público, a New. Os móveis são 30% mais baratos em
relação à Dell Ano. "Em cinco
anos, a New representará metade do nosso faturamento."
Após 50 anos fabricando metais sanitários de alto e médio
luxo, a Fabrimar lançou em janeiro a linha Gyro, com produtos até 75% mais baratos em relação aos itens top. O projeto
nasceu em agosto. "Prevíamos
um cenário ruim para 2009 e
não queríamos ficar restritos a
um público. E, se a classe B perder renda, comprará a Gyro",
diz José Fernando Haddad, diretor comercial da Fabrimar.
Vender para a classe C exige
das empresas equacionar qualidade e preço. A saída tem sido
fazer sutis mudanças técnicas.
A madeira usada pela New é ligeiramente mais fina em relação à da Dell Ano. As torneiras
da Gyro têm menos latão.
Porta a porta
Outra estratégia para chegar
ao consumidor da classe C é a
venda porta-a-porta. A Coca-Cola Guararapes vai levar ao interior de Pernambuco um projeto-piloto de venda de refrigerante com embalagens retornáveis, em Caruaru, Garanhuns e
Petrolina. Com base nos resultados, a empresa pretende estender o projeto para todo o Estado, além da Paraíba e do norte da Bahia.
Segundo Catharina Ferreira,
gerente de marketing da empresa, a meta é atrair a atenção
da dona-de-casa, responsável
pelas compras da família.
A Nestlé também adota o
modelo e conta com 5.800 vendedoras em mais de 40 cidades
no Estado de São Paulo e capitais como Rio de Janeiro, Porto
Alegre, Vitória, Curitiba, Belo
Horizonte e Belém. Até o fim
do ano, o total de vendedoras
chegará a 9.000. Segundo a empresa, 82% do consumo no país
está concentrado nas classes C,
D e E.
(DM, JL, SL)
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