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Polêmicas ambientais e crise afastam financiamento de investidores privados
DO ENVIADO A RONDÔNIA
Seis meses após o início das
obras da hidrelétrica de Santo
Antônio, os bancos Santander e
Banif, que participam com 20%
da Saesa, empresa que constrói
a usina, ainda não conseguiram
investidores para o empreendimento. É o que afirma Roberto
Simões, presidente da Saesa.
Santander e Banif decidiram
entrar como sócios por meio de
um FIP (Fundo de Investimento Privado). O objetivo era vender as cotas do fundo e ficar no
projeto como gestores. Os cotistas seriam os responsáveis
pelos aportes de capital.
Os bancos privados estão relutantes em participar do FIP.
O prazo de financiamento seria
longo demais, os retornos do
investimento, duvidosos (devido às previsões de queda no
preço da energia no mercado livre), e os riscos socioambientais, elevados.
Além disso, organizações civis questionam a participação
dessas instituições, principalmente as signatárias dos Princípios do Equador -práticas
definidas pelo Banco Mundial
que recomendam a não-concessão de financiamentos a
projetos cujo impacto socioambiental não é devidamente calculado ou mitigado.
É o caso de Bradesco, Unibanco e Banco do Brasil, que,
para Roland Widmer, gerente
da Oscip Amigos da Terra, estão em desacordo com suas políticas de sustentabilidade ao
participarem do projeto como
repassadores de recursos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Consultados, os bancos
afirmam que o protocolo dá flexibilidade para que se retirem
em caso de problemas, inexistentes até o momento.
O MPF (Ministério Publico
Federal) de Rondônia também
está monitorando a participação dessas instituições e suspeita de irregularidades no
Banco da Amazônia, que aprovou financiamento de R$ 503
milhões para a Saesa.
O banco estatal usou recursos do FNO (Fundo Constitucional do Norte) e o valor máximo permitido seria de R$ 159
milhões. O FNO é alimentado
pela arrecadação de impostos.
O diretor comercial do Banco
da Amazônia, Gilvandro Negrão, afirmou à Folha que o limite seria de R$ 445 milhões
para um período de três anos.
Ainda assim, esse teto foi ultrapassado em R$ 58 milhões, diferença que, segundo ele, será
coberta com recursos próprios.
O MPF determinou que o
Banco da Amazônia enviasse
os documentos desse financiamento. O banco negou, alegando sigilo comercial. Até o momento, as usinas hidrelétricas
do rio Madeira estão sendo
custeadas basicamente com dinheiro público.
(JW)
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