São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

Texto Anterior | Índice

Governo britânico assumirá controle do 3º maior banco

Reino Unido dará garantia para cobrir ativos de risco do Lloyds e terá, em contrapartida, maioria das ações do grupo

Medida, já adotada para o RBS, tenta reduzir paralisia do crédito no país; no acordo, Lloyds se compromete a oferecer mais empréstimos

DA REDAÇÃO

O governo britânico vai assumir participação de até 77% do conglomerado Lloyds Banking Group -terceiro maior do país, resultante da fusão dos bancos HBOS e Lloyds TSB.
O anúncio foi feito ontem pelo banco, após fechamento de acordo para que o Estado passe a cobrir perdas de 260 bilhões de libras (cerca de US$ 370 bilhões, ou 20% do PIB britânico, a segunda maior economia europeia) em ativos tóxicos (papéis com alto risco de calote).
Em contrapartida à garantia dada ao banco, o governo do Reino Unido elevará sua participação no capital do grupo, hoje de 43%. O banco também se compromete em ampliar em quase US$ 40 bilhões os créditos para pessoas físicas e jurídicas nos próximos dois anos.
O Lloyds segue os passos do RBS (Royal Bank of Scotland) ao alcançar um acordo em que recebe garantia estatal em possíveis perdas em ativos que somam centenas de bilhões de libras em troca de uma maior participação do governo. No caso do RBS, o governo, que já contava com participação de 70% das ações, poderá elevar a sua presença para até 95%. O Tesouro britânico diz, no entanto, que seu capital votante não vai passar de 75%.
Eric Daniels, presidente-executivo do Lloyds, disse que o acordo "reduz substancialmente" os ativos de risco do banco.
Com o medida, o Lloyds se torna o quarto banco britânico a ser assumido pelo governo desde setembro de 2007 (início da atual crise), quando o Northern Rock foi estatizado. O governo do primeiro-ministro Gordon Brown quer com essas medidas impulsionar os empréstimos para consumidores e empresas e tentar impedir que a economia britânica tenha neste ano a pior recessão desde a Segunda Guerra.
O ministro do Tesouro, Stephen Timms, disse que o acordo fornece segurança ao banco. "No futuro, o Lloyds será um banco forte e bem-sucedido", disse Timms a uma rádio.
O Lloyds pagará uma taxa de 15,6 bilhões de libras para participar do acordo e assumirá a "primeira rodada" de perdas de 25 bilhões de libras em ativos. Depois disso, o governo assumirá 90% de qualquer perda no valor dos ativos.
O acordo permitirá que a participação com direito a voto do governo no Lloyds aumente para 65%, se os acionistas não adquirirem uma parte dos papéis que hoje pertencem ao Estado. A participação estatal poderá chegar a 77% se as ações "B", sem direito a voto, forem convertidas, mas o capital votante nas mãos do governo não ultrapassará os 75%.
O Lloyds se viu obrigado a buscar ajuda estatal como consequência de sua fusão com o Halifax Bank of Scotland (HBOS), que recentemente informou prejuízo bilionário. A maior parte (83%) dos ativos que serão garantidos pelo governo pertencia ao HBOS.
Em uma operação apoiada pelo governo, o Lloyds adquiriu por 7,7 bilhões de libras o HBOS, na tentativa de evitar a falência desse grupo bancário.

Bélgica
Outro banco fortemente atingido pela crise, o Fortis, teve suas unidades na Bélgica e em Luxemburgo adquiridas pelo francês BNP Paribas, depois que o governo belga se comprometeu a garantir parte das perdas. O acordo, no entanto, precisa ser aprovado pelos acionistas do Fortis, que recentemente rejeitaram uma oferta do banco francês.
O BNP Paribas ofereceu 11,4 bilhões por 75% do Fortis e parte dos ativos da seguradora da instituição financeira.


Com agências internacionais e o "Financial Times"


Texto Anterior: Estado busca crescimento sustentável
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.