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Álcool recua e volta a ser competitivo em SP
Preço do combustível nas usinas já acumula queda de 22% em seis semanas, mas nos postos a queda é lenta e fica em apenas 5%
Modo de dirigir e modelo do
carro também interferem na
paridade ideal entre os dois
combustíveis; especialistas
do setor recomendam testes
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O álcool voltou a ser competitivo em relação à gasolina em
São Paulo. Isso ocorre depois
de dois meses de desvantagem,
quando a falta de produto provocou forte aceleração nos preços do combustível renovável.
Essa tendência se estenderá
por outras regiões do país, uma
vez que o preço do álcool hidratado -o que vai diretamente no
tanque- está despencando nas
usinas. Só na semana passada, a
queda foi de 6,15%, acumulando 22,4% em seis semanas.
Rápida nas usinas, a queda é
lenta nos postos. Os preços só
começaram a cair para os consumidores há três semanas, e a
queda é de 5,3%.
Os dados das usinas são do
Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP. Já os das
bombas são da Folha, que realiza semanalmente uma pesquisa de preços em 50 postos
de combustível de São Paulo.
Em alguns postos paulistanos, a paridade já é bem vantajosa para o álcool, com o produto custando apenas 60% do valor da gasolina. Na média, a
pesquisa indica que o preço
médio do álcool recuou para
R$ 1,787 por litro na semana
passada, 70% do custo da gasolina, que está em R$ 2,537.
O consumidor deve ficar
atento, no entanto, aos preços
praticados nos postos onde
costuma abastecer. A Folha
apurou que alguns postos ainda comercializam o álcool a R$
1,999 por litro, o que dá uma
paridade de 75% em relação ao
valor da gasolina cobrado por
esses estabelecimentos.
Alguns postos, no entanto,
foram mais rápidos na reposição da queda praticada pelas
usinas e comercializam o álcool a R$ 1,499 por litro.
O percentual de 70% de paridade não é o único fator a que o
consumidor deve ficar atento.
O modelo de carro e o modo de
dirigir também influenciam.
Especialistas recomendam
que os consumidores façam
teste com o próprio veículo para saber a paridade ideal. Alguns veículos são vantajosos
até com uma paridade de 75%
na comparação entre álcool e
gasolina. Outros, com percentual inferior a 70%.
A alta acelerada nos preços
do álcool nas usinas no início
deste ano se deu devido à ocorrência de uma safra atípica em
2009, diz Antonio Padua Rodrigues, da Unica, entidade que
congrega as usinas.
Houve grande oferta de produto no início de safra, o que
derrubou os preços e gerou demanda. No segundo semestre,
o excesso de chuva dificultou a
colheita, e a oferta caiu.
No início deste ano, o abastecimento ficou complicado. As
usinas tinham pouco produto
para ofertar e chegaram a negociar o álcool a R$ 1,2055 por
litro. O combustível chegou a
superar R$ 2 nas bombas de
postos de São Paulo.
Assustada com os preços,
parte dos consumidores migrou para a gasolina, derrubando o consumo, que recuou para
25 milhões de litros por dia em
fevereiro no centro-sul, metade dos 50 milhões de litros do
período de pico de consumo.
Para Padua, o consumidor é
quem determina os preços. Assim como ele saiu do mercado
quando houve alta, deverá voltar quando a safra começar a
tomar um ritmo mais forte. Isso deve ocorrer no final de
março e início de abril.
"O problema é que o preço,
de novo, pode ficar muito volátil", diz Padua. Para ele, a volatilidade é boa, mas, quando
exagerada, como a de 2009,
torna-se um problema. As usinas não repõem os custos de
produção e o consumidor se
acostuma com valores fora do
normal.
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