São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Acerto operacional espera a aprovação do governo e deve levar clientes da primeira para os aviões da segunda

Varig aposta em acordo com a Ocean Air

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Varig e Ocean Air aguardam aprovação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para implementar o acordo operacional que daria um fôlego de 90 dias à primeira. O acordo, que ainda está sendo negociado, prevê que as despesas operacionais dos vôos compartilhados, como leasing, combustível ou manutenção, sejam assumidas pela Ocean Air.
Como a Varig está com aviões parados por falta de manutenção, seriam seus passageiros que voariam nas aeronaves da companhia do empresário Germán Efromovich. "É um fretamento. Hoje [ontem] chegou ao nosso conhecimento essa proposta, que prevê um contrato por 90 dias para fretamento dos Fokker 100 da Ocean Air para que estes realizem algumas linhas que a Varig está deixando de voar", afirmou ontem Leur Lomanto, diretor da Anac.
Segundo ele, na segunda-feira o setor operacional da Anac e a Infraero serão ouvidos sobre a proposta. "Vamos analisar, pois o equipamento [as aeronaves] para a operação dos vôos vai mudar. Vamos ver como fica a questão do espaço físico, principalmente em Congonhas", afirmou.
Na prática, se o acordo for fechado, a Ocean Air entraria com as aeronaves e a Varig, com os passageiros. No mês passado, segundo dados divulgados ontem pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), que gradualmente está sendo substituído pela Anac, a companhia aérea de Efromovich decolou com apenas 38% dos assentos ocupados. A empresa aérea possui hoje uma participação de mercado de só 0,6%.
Se assumir as despesas da operação da Varig por meio de um compartilhamento de vôos, espera conseguir manter no futuro as rotas e freqüências. Seria um atalho para conseguir crescer e obter mais espaço nos aeroportos, algo que vem tentando há algum tempo e difícil de obter. É por isso que essa parte do acordo tem que ser aprovada pela Infraero.
Segundo fontes ligadas às negociações entre as duas companhias aéreas, os aviões da Varig que hoje estão parados por falta de manutenção, cerca de 15, também poderiam ser usados no compartilhamento de vôos. O mau humor dos arrendadores de aeronaves com a Varig, entretanto, vem aumentando, já que parte deles ainda não recebeu as parcelas devidas pela empresa de março.
Se a Varig parasse de voar, TAM e Gol têm condições de absorver sua demanda no mercado doméstico e passariam a voar, de acordo com cálculos de analistas especializados no setor, com 84% de seus assentos ocupados (atualmente a média é de 69%).

Planos de expansão
O crescimento da Ocean Air faz parte dos planos do grupo Sinergy, presidido por Efromovich (boliviano naturalizado brasileiro) , para a América Latina. Além da brasileira, o grupo é dono das companhias aéreas Avianca, na Colômbia, Wayra Air, no Peru, e Vipsa, no Equador.
O executivo também é dono da Marítima, que construiu plataformas para a Petrobras e que está em disputa judicial bilionária com a empresa. Trocando acusações mútuas, a Petrobras e a Marítima brigam na Justiça brasileira e internacional, num contencioso que chega a US$ 2,5 bilhões. A disputa decorre do atraso na entrega de quatro plataformas de produção de óleo.


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